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Melides, excerto 22

LocationMelides (Grândola, Setúbal)
SubjectNão aplicável
Informant(s) Galileu
SurveyALEPG
Survey year1980
Interviewer(s)Celeste Augusto
TranscriptionSandra Pereira
RevisionAna Maria Martins
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationMárcia Bolrinha
LemmatizationDiana Reis

Text: -


[1]
INF Porquê?
[2]
Porque cheirar no dinheiro, não compra uma coisa destas.
[3]
Eu Ele não tinha o dinheiro suficiente!
[4]
INF Assim eu tivesse!
[5]
INF Como ele tinha.
[6]
E eu também, também comprei esta porque o dinheiro não era pouco.
[7]
Isto faz de conta que ma deram.
[8]
[pausa] Deram,
[9]
foi dada!
[10]
A máquina que tenho além praticamente foi dada.
[11]
Eu é que não quis o dinheiro que eu tinha-lhe pago.
[12]
Deu aqueles que ainda eram mais pobres de que eu.
[13]
O homem vendeu-ma por um conto de réis,
[14]
e disse: "Olhe, leve isto por um conto de réis"!
[15]
"Oh, vende"?
[16]
"Vendo, sim senhora"!
[17]
Dei Dei o conto de réis,
[18]
"O senhor de esmola aos pobres"!
[19]
Não quis o dinheiro!
[20]
INF E eu disse para o homem, esse sujeito que estava, o feitor, [pausa] que ele é que fez para ele me vender isto,
[21]
e então disse-lhe a ele: "Olhe, o senhor [pausa] de esmola que o senhor faz de conta que me deu uma esmola a mim ,
[22]
o senhor de esmola a quem o senhor queira".
[23]
Ele disse: "Então, está bem, senhor Galileu".
[24]
Ele nem se negou.
[25]
Ao dia tantos, mandou-me ,
[26]
apontou tudo num papel, como havia de ser, que o homem tinha preciso.
[27]
[pausa] Não tem muito.
[28]
E então mostrou [vocalização] o nome das pessoas que ele tinha dado [pausa] as esmolas aos pobres.
[29]
INF Porque é um homem muito, muito bom!
[30]
Para esta igreja que aqui temos, quando ela ali se escangalhou que ele é muito santanário
[31]
E eu, quando eu estive com ele, realmente deu-me assim o coiso de dizer que era assim que também era assim muito santanário,
[32]
e o gajo foi,
[33]
deu em coiso disse que eu ia à missa,
[34]
que eu gostava de ir à missa, e o gajo fez com que o patrão vendesse aquilo por um conto de réis, logo à conta de dar-me.
[35]
[pausa] E ele então disse que se fosse para outro que não a levava, que ela ficava para estragada.
[36]
INF Nem ele dizia nada ao patrão, para a vender.
[37]
uma vez uns tinham ido para a para lha comprar,
[38]
ele não lha quis vender.
[39]
"Começaram armados"
[40]
Dizia-me ele: "Começaram armados em espertos,
[41]
eu disse que não se não se vendia"!
[42]
" não se vende"!
[43]
E então fui de coiso com ele para aqui e para além,
[44]
ele então foi pedir para o para o patrão vender-me aquilo por um conto de réis.
[45]
E de resto, o [pausa] o patrão nem sequer quis o conto de réis.
[46]
Mand- Mandou-o dar aos pobres.
[47]
[pausa] Aqui para esta igreja como eu ia a dizer , para esta igreja deu ele oitenta contos.
[48]
E anos!
[49]
INF Podem ver o que é que ele o homem gosta da da igreja!

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