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Melides, excerto 29

LocalidadeMelides (Grândola, Setúbal)
AssuntoOs cereais
Informante(s) Galeno Graciosa

Text: -


[1]
INF1 E este arroz plantado sempre mais produto que o que o semeado.
[2]
Mas o que é é que, hoje em dia, o pessoal não
[3]
INF1 O pessoal não , não é?
[4]
Pois, não se arranja pessoal, não é?
[5]
E as jornas estão muito caras
[6]
e então não [pausa] para fazer isso.
[7]
De forma que quando o arroz estando estando agarrado [vocalização] começa-se a mondar.
[8]
E depois de mondar, começa-se a adubar,
[9]
é consoante conforme ele estiver.
[10]
Se acaso [vocalização] Se se que está bom, que aguenta uma adubação, leva uma adubação;
[11]
se se que tem de levar duas adubações, tem que levar.
[12]
A cor dele depois é que manda, está a perceber?
[13]
INF1 Se ele estiver negro como aquele está, não precisa de levar mais cobertura nenhuma nós chamamos-lhe dar uma cobertura de adubo;
[14]
se ele estiver amarelo, pois tem de levar.
[15]
INF1 Dava-se tudo.
[16]
INF1 Era.
[17]
Tem sido sempre, sempre, sempre, sempre.
[18]
INF1 E até antigamente antigamente havia um adubo, que a gente chamamos o adubo preto e era adubo preto mesmo , para matar a bicheza.
[19]
Esse adubo era mesmo próprio para para matar a bicheza, para não cortar a planta, não é?
[20]
Hoje em dia quase que não se usa.
[21]
Que eu lembra-me,
[22]
nesse tempo, até um senhor que fosse semear aquele adubo era avisado logo:
[23]
nem podia dormir com a mulher e nem podia beber bebida nenhuma.
[24]
[pausa] Era avisado logo.
[25]
INF1 Não sei .
[26]
Era uma química qualquer que naturalmente podia infectar o sangue da pessoa, não é?
[27]
INF1 Pois.
[28]
De forma que isso desistiu,
[29]
não sei porquê.
[30]
Mas isso era até um adubo que dava muita força à terra
[31]
e [vocalização] o [vocalização] a bicheza não cortava.
[32]
Vamos assim:
[33]
a minhoca não cortava o arroz, não é?
[34]
INF1 E hoje E hoje corta muito não sei porquê, essa coisa.
[35]
De forma que [vocalização], assim a respeito das químicas, depois mais tarde é que apareceu isso de se dar com um motorzinho.
[36]
Dava-se catorze por cento ou [vocalização] oito por cento,
[37]
era consoante a erva que estava.
[38]
Mas catorze por cento era um nada demais, que ainda houve alguns que queimaram as searas.
[39]
Até o último ano que eu andei [vocalização] andei com pessoal na ao da fábrica do do tomate que é esse tomate de Alcácer
[40]
INF1 até o [vocalização] o gerente daquilo deu cabo da seara por dar [pausa] dar catorze por cento.
[41]
Que o próprio engenheiro quando ensinou a gente, era para dar oito por cento;
[42]
não era catorze.
[43]
Mas tinha o azevém que é que é uma erva muito grande que se cria dentro do arroz ,
[44]
e ele tinha medo de aquilo não se perder, e .
[45]
Depois veio um calor [vocalização] muito forte,
[46]
cozeu o arroz, algum arroz a deitar a a espiguinha, vamos assim, a espiga não é? , para fora.
[47]
INF1 De forma que assim sobre isto, pois, [pausa] a senhora depois informa-se então noutro com outro seareiro que tem mais
[48]
INF2 Ah, sabe melhor do que tu.
[49]
INF1 Tem mais possibilidades do que eu, está a perceber?
[50]
Mas isto não anda [vocalização] isto não anda muito longe, não.
[51]
INF1 Não anda muito longe, não.
[52]
Porque eu [vocalização] nasci nasci completamente a baldear terras para semear arroz, para plantar.
[53]
INF1 Sei tratar dele, [vocalização] sei-o cozer e sei-o comer.

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