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Melides, excerto 29
Text: -
INF1 E este arroz plantado dá sempre mais produto que o que dá o semeado.
Mas o que é é que, hoje em dia, o pessoal não…
INF1 O pessoal não dá, não é?
Pois, não se arranja pessoal, não é?
E as jornas estão muito caras
e então não dá [pausa] para fazer isso.
De forma que quando o arroz estando estando agarrado [vocalização] começa-se a mondar.
E depois de mondar, começa-se a adubar,
é consoante conforme ele estiver.
Se acaso [vocalização] Se se vê que está bom, que aguenta só uma adubação, leva só uma adubação;
se se vê que tem de levar duas adubações, tem que levar.
A cor dele depois é que manda, está a perceber?
INF1 Se ele estiver negro como aquele está, não precisa de levar mais cobertura nenhuma – nós chamamos-lhe dar uma cobertura de adubo;
se ele estiver amarelo, pois tem de levar.
Tem sido sempre, sempre, sempre, sempre.
INF1 E até antigamente antigamente havia um adubo, que a gente chamamos cá o adubo preto – e era adubo preto mesmo –, para matar a bicheza.
Esse adubo era mesmo próprio para para matar a bicheza, para não cortar a planta, não é?
Hoje em dia já quase que não se usa.
nesse tempo, até um senhor que fosse semear aquele adubo era avisado logo:
nem podia dormir com a mulher e nem podia beber bebida nenhuma.
[pausa] Era avisado logo.
Era uma química qualquer que naturalmente podia infectar o sangue da pessoa, não é?
De forma que isso desistiu,
Mas isso era até um adubo que dava muita força à terra
e [vocalização] o [vocalização] a bicheza não cortava.
a minhoca não cortava o arroz, não é?
INF1 E hoje E hoje corta muito não sei porquê, essa coisa.
De forma que [vocalização], assim a respeito das químicas, depois mais tarde é que apareceu isso de se dar com um motorzinho.
Dava-se catorze por cento ou [vocalização] oito por cento,
era consoante a erva que estava.
Mas catorze por cento era um nada demais, que ainda houve alguns que queimaram as searas.
Até o último ano que eu andei [vocalização] andei com pessoal na ao pé da fábrica do do tomate – que é esse tomate de Alcácer –
INF1 até lá o [vocalização] o gerente daquilo deu cabo da seara por dar [pausa] dar catorze por cento.
Que o próprio engenheiro quando ensinou a gente, era para dar oito por cento;
Mas tinha o azevém – que é que é uma erva muito grande que se cria dentro do arroz –,
e ele tinha medo de aquilo não se perder, e vá.
Depois veio um calor [vocalização] muito forte,
cozeu o arroz, algum arroz já a deitar a a espiguinha, vamos assim, a espiga – não é? –, para fora.
INF1 De forma que assim sobre isto, pois, [pausa] a senhora depois informa-se então noutro aí com outro seareiro que tem mais…
INF2 Ah, sabe melhor do que tu.
INF1 Tem mais possibilidades do que eu, está a perceber?
Mas isto não anda [vocalização] isto não anda lá muito longe, não.
INF1 Não anda lá muito longe, não.
Porque eu [vocalização] nasci nasci completamente a baldear terras para semear arroz, para plantar.
INF1 Sei tratar dele, [vocalização] sei-o cozer e sei-o comer.
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