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Melides, excerto 41

LocationMelides (Grândola, Setúbal)
SubjectOs cereais
Informant(s) Graziela Galiano
SurveyALEPG
Survey year1980
Interviewer(s)Gabriela Vitorino
TranscriptionSandra Pereira
RevisionAna Maria Martins
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationMárcia Bolrinha
LemmatizationDiana Reis

Text: -


[1]
INF1 Como é que era ele trabalhar no arroz?
[2]
Olhe, a primeira [vocalização] a primeira coisa, quando cala- quando cavavam lama, não davam cabo dos muros.
[3]
Quer dizer que cavavam com as enxadas,
[4]
não davam cabo dos muros.
[5]
E [vocalização] E agora dão dão cabo dos muros, quando é para ceifar o arroz, por causa das máquinas dão cabo dos muros.
[6]
INF1 An- Antigamente cavavam a terra
[7]
e estavam os canteirinhos feitos
[8]
e não davam cabo de nada.
[9]
Quer dizer, não davam cabo de nada.
[10]
E cavavam a leiva,
[11]
brigavam para deixar tudo certinho, ali a leiva tudo dentro dos canteiros.
[12]
E depois de ela estar cavadinha, metiam-lhe a água.
[13]
Metiam-lhe a água
[14]
e a gente ia picar.
[15]
Íamos picar aqueles tornitos da da leiva, que os homens cavaram.
[16]
E depois de estar tudo picadinho, íamos a rebaixar.
[17]
Íamos a rebaixar,
[18]
acabávamos de rebaixar,
[19]
íamo-lo mondar.
[20]
[pausa] Íamos mondar.
[21]
Se acaso eles queriam semear o arroz, punham o arroz de molho logo uns dias antes, nos sacos,
[22]
e depois semeavam o arroz.
[23]
E se acaso eles não queriam semear, ou estavam os viveirinhos do arroz semeados, gran- grandinho, e a gente ia,
[24]
apanhávamos o arroz, [pausa] os molhinhos, e lavávamos muito bem lavadinhos.
[25]
E daí atávamos os molhinhos,
[26]
íamos pondo tudo atrás da gente.
[27]
E depois [vocalização] mondávamos as terras
[28]
e carregávamos-os
[29]
e vínhamos a plantar.
[30]
plantávamos o arrozinho tudo, tudo.
[31]
[vocalização] Plantávamos, pois, tudo a dedo,
[32]
plantávamos aquilo tudo.
[33]
E [vocalização] E depois disso, que- quer dizer, depois de o arroz estar plantado, [vocalização] quando ele tivesse erva, mondávamos-o.
[34]
Mondávamos à mão.
[35]
E E se ele tivesse preciso de mais mondas, pois íamos sempre mondando, conforme ele precisasse da monda.
[36]
Depois quando ele não não
[37]
Eles depois prantavam a água ao arrozinho,
[38]
e quando ele não precisasse de mais mondas, deixava-se,
[39]
era até à ceifa.
[40]
[vocalização] E quando ele estivesse capaz de ceifar, ia-se ceifar.
[41]
[pausa] E daí era atado,
[42]
carregávamos-o para fora, para os tractores
[43]
e dos tractores eram carregad- eram carregados para a eira.
[44]
Que- Quer dizer, p- pois tractores,
[45]
nesse tempo, ele havia tractores também.
[46]
Mas carregava-se-o às vezes também n- nos carros de bestas e em coisas.
[47]
Carregava-se para as eiras.
[48]
Ia-se para as eiras
[49]
e depois era debulhado com os cavalos, com as bestas.
[50]
Era debulhado com as bestas.
[51]
E era limpo a braço de pessoas, como era o trigo e essas outras coisas.
[52]
Era tudo limpo assim.
[53]
E depois era ensacado,
[54]
ia para os armazéns
[55]
e era isso assim.
[56]
Pois.
[57]
Foi É o que eu conheço daquilo.
[58]
E agora, hoje, o moderno é mais doutra maneira.
[59]
INF2 Quer dizer que a, [pausa] a a plantação também [vocalização] também foi um bocadinho mais moderna.
[60]
INF1 Pois.
[61]
INF2 Logo primeiro era semeado.
[62]
M- Mondava-se a terra primeiro, a terra do arroz, e alguma que tivesse ele que tivesse ervas,
[63]
mondava-se primeiro e semeava-se.
[64]
E depois eram os trabalhos como como a minha senhora esteve a dizer.
[65]
Pois.
[66]
INF1 E agora é semeado outra vez.
[67]
Agora não monda outra vez.
[68]
INF2 Era mondado as vezes que fossem precisas.
[69]
INF1 Agora Agora é outra vez semeado.
[70]
[pausa] Agora é a terra arranjada da mesma maneira, o mesmo.
[71]
O que é que vai as máquinas,
[72]
têm que fazer os muros.
[73]
Os que foram escangalhados têm que ser arranjados.
[74]
E é tudo mondadinho à mesma,
[75]
e a terra certinha, com as máquinas,
[76]
e vai
[77]
as pessoas ajuntam aqueles coisinhos mais altos para ficar tudo direito,
[78]
e semeiam o arroz.
[79]
[pausa] Fica ali semeadinho.
[80]
Depois as mulheres vão,
[81]
apanham algumas coisinhas rente,
[82]
e põem as químicas.
[83]
E pronto, está o trabalho do arroz arrumado.
[84]
[pausa] Aquilo, pois, não tem mais
[85]
Eles vão pôr água quando é preciso [pausa] e tirar.
[86]
E [vocalização] E é o que eles fazem nos arrozes agora.

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