Representação em frases
Melides, excerto 47
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INF Ah, isso é, isso é é muito complicado, pois,
mas eu [vocalização] posso-lhe dizer algumas coisas.
INF Quer dizer, primeiramente, a gente, ou que dessem ou que vendessem a, o aí o uma mata ou uma brenha, lhe chamava a gente, como eu ainda comprei uma brenha, uma vez, até mais que uma vez…
Comprei ali na frente duas brenhas, assim uns bocados de brenha,
comprava [vocalização] um bocado.
Também havia brenhas grandes que tinham que tinham muito muita quantidade de cepa.
Tinham cepas de daro – chama-lhe a gente daro, uma moita chamam-lhe daro – e e de medronheiros,
e tinham aquela cepa por baixo,
E então a gente [vocalização] pulávamos-se naquilo,
E quando era medronheiros, até se [vocalização] arrancava logo com com a rama também, que dava menos trabalho a arrancar.
E depois cortava-se a rama,
fazia-se traçava-se aquilo tudo muito bem.
Daí juntava-se a, a rama as cepas e a e a rama para o pé de assim num, num num lugar que fosse jeitoso para fazer um forno.
Tinha que ser em terrenos jeitosos, que se fosse muito chapada também depois era mau de segurar a terra
e não não era conveniente.
Segurava mais ao pé dum barranco ou [vocalização] num sítio que fosse mais bem situado um bocadinho para fazer.
Fazia-se ali um um forno.
Quer dizer, o forno, punha-se-o:
primeiro assim a área dos malhais por baixo, [pausa] para para se atravessar depois uns uns madeiros…
INF Se acaso fosse lenha do ar e se fossem cepas, podiam pôr assim:
tem aquelas, aquelas a área da, da daquelas pontas das raízes, aquela coisa,
ficavam assim um bocadinho mais armados, para não ficar fixo no chão, por causa de o lume entrar por baixo para.
INF Senão então afogava por baixo
[vocalização] Fazia-se ali um moitão,
chamava-lhe a gente um forno,
assim talho dum forno, assim um, assim um, quase quase um talho duma camioneta, alguns eram quase o talho duma camioneta, se [vocalização] assim duma certa dum certo tamanho.
E E fulano depois terrava aquilo, com, com uma com um alferce ou com uma enxada e uma pá.
Pr- Primeiro tapavam assim matos muito bem tapadinhos,
e depois ia-se fazendo ia-se fazendo uma parede de terra até tapar aquilo tudo.
Quer dizer que nessa parede deixava-se logo uns agulheiros por baixo um, uns buracos – chamava-lhe a gente agulheiros –, como uns buracos por baixo para para o fumo sair, para para refolgar, para para arder.
E deixava-se cá do lado da porta do forno também uma coisita.
E então, pois, deixa- deixava-se uma coisinha para largar lume cá do lado da porta.
E depois quando estando a arder, tapava-se tudo.
Ficavam, Quando Quando aquilo estivesse tu- tudo terradinho, largava-se lume,
e e o fulano depois tinha era que cuidar, de vez em quando, a calcar a calcar a terra para baixo para ela ir para ir aconchegando o carvão para ele não não arder todo.
Senão então se arder assim em a volta, que calhasse a fazer…
A A terra, às vezes, armava um bocadinho – não é? –,
se não fosse ajeitada, chegava a pontos que que ia ardendo por baixo, ardia tudo.
E assim ia-se sempre acalcando a terra e sempre a ajeitando.
E até mesmo o fumo dava sinal:
quando quando o fumo começasse a ser assim mais esbranquiçado [pausa] era porque estava a arder mais, m- estava a estragar já,
E quando fosse só que ele primeiro que parece que ele que a que o lume que ardia só por fora um bocadinho, e ficava a lenha toda cozida, repassadinha, ficava toda em carvão.
E ficava, ficava ali uma grande parte que Parece mentira como é que ela arde assim
E até, às vezes, um fulano depois de ele [vocalização] cozido, até a gente lida ali com ele
até até parece que tine um no outro, ali a.
INF [vocalização] Quer dizer, quando estando cozido no fim de.
Conforme os fornos eram, às vezes, calhava também a arder melhor,
mas [vocalização] aquilo a tabela, mais ou menos, era cinco ou seis dias, uma coisa assim, a cozer um forno.
Cozia be- Quando estando cozido, o fulano via que ele já deitava pouco fumo
e ia conhecendo pelo, pelo pelo terreno que ia abaixando.
E o fulano tem tinha já prática daquilo.
Quando estando cozido, depois tirava-se a terra de cima para ir arrefecendo mais um bocadito.
Quando estando mais frio um bocadinho, uma pessoa pulava-se nele.
Ia Ia abrindo nele todo o carvão para o para o lado,
ia abrindo nele para o lado,
e e depois empoava-se com.
Tinha Havia naquela naquela terra mesmo que saía dali,
sempre havia um pó mais fino,
empoava-se depois o carvão
Quando ele estivesse fosse empoado é que deixava-se.
Até se varria ele depois com uma [vocalização] com um basculho, com uma vassoura qualquer por cima, para [vocalização] para não deixar buraquinho nenhum,
senão então se ficasse qualquer coisinha, se tivesse algum lumezinho, começava a arder.
Ardava Ardia mesmo debaixo da terra assim.
Ele depois já era bom de arder porque era já em carvão,
ardia de qualquer maneira.
E então ficava aquilo tudo muito bem tapadinho
e de vez em quando observava-se.
Quando Quando estando já bem apagado e que estivesse já frio, mais ou menos – às vezes ainda estava quente –, mas, quer dizer, que a gente já pudesse lidar, [pausa] tirava-se todo para fora,
[vocalização] e escolhia-se, se acaso tinha algumas pedras ou alguma coisa,
Dali [pausa] quando estando em sacas, se não tivessem carregador, carregava-se para carregador.
Às vezes nuns barrancos, nuns lugares às vezes manhosos, uma pessoa carregava sacas de…
Às vezes tinha que levar as sacas meias e acabá-las de encher lá
mas mas já era sempre mais chato, porque o fulano, se o ensacasse ali e depois o enjoinasse – que aquilo era chamava-lhe a gente enjoinar –, fazia aí com uns juncos ou com uma coisa qualquer.
Com juncos ou junça ou uma coisa assim é que era muito natural.
Fazia assim em ar quase dum chapéu,
punha-se ali em cima da saca.
E depois passava-se com uns fios ali por cima,
aquilo ficava ali atadinho.
Ficava ali que podia-se lidar com aquilo, dar ali as voltas que desse, que não caía ali nem um bago.
Não era preciso cá atar a saca,
senão então levaria pouco mais de meia.
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