R&D Unit funded by

Sentence view

Melides, excerto 49

LocationMelides (Grândola, Setúbal)
SubjectNão aplicável
Informant(s) Galiano Graziela
SurveyALEPG
Survey year1980
Interviewer(s)Gabriela Vitorino
TranscriptionSandra Pereira
RevisionAna Maria Martins
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationMárcia Bolrinha
LemmatizationDiana Reis

Text: -


showing 1 - 100 of 170 • next


[1]
INF1 O que é certo estive ,
[2]
e depois assim que [vocalização] estive um tempozito, [vocalização] convenceram-me para me ir para outro sítio, para para o Sobreirinho.
[3]
[vocalização] Fui Dali fui para o Sobreirinho,
[4]
ta- ainda não tinha acabado sequer o o tempo, porque eles até podiam ter preciso de mim muito tempo.
[5]
Mas foi para depois o meu irmão no meu lugar.
[6]
Mas o meu irmão esteve para alguns, não não chegou a oito dias,
[7]
parece.
[8]
Que ele Quer dizer que me falaram para ,
[9]
e eles queriam-me era a mim,
[10]
eu fui para o Sobreirinho
[11]
e ele foi para no meu lugar.
[12]
Mas ele não esteve tempo nenhum.
[13]
Esteve poucachinho tempo.
[14]
[vocalização] Depois continuou a estar sempre em casa, não é?
[15]
não, Ainda Ainda foi,
[16]
parece, por conta do
[17]
do [vocalização] Ainda me lembro o nome dele, o tio Gil do Isidro, que ele esteve também servindo.
[18]
Mas esteve pouco tempo também.
[19]
Mas é que ele ainda esteve mais um tempozito.
[20]
[vocalização] O tio Gil do Isidro era um homem muito bom
[21]
e ensinou-o a ler e tal.
[22]
Ele sabia ler muito bem.
[23]
Ensinou-o a ler
[24]
e foi isso ainda a sorte dele também.
[25]
Depois de não quis servir.
[26]
Esteve sempre melhor de que eu, sempre em casa.
[27]
E eu, eu andei sempre naquela vida.
[28]
Olha, para encurtar de razões, quer dizer que depois que vim outra vez para a para a mesma casa para a para as Cortinas.
[29]
Depois era por conta dos filhos,
[30]
a lavradora não mandava nada.
[31]
Morreu o lavrador também nessa altura.
[32]
E a lavradora também,
[33]
aquilo estava também muito velha
[34]
e eles é elas é que mandavam.
[35]
Estive muito tempo.
[36]
Depois de foi para também um outro criado que é o Gilberto, um gajo que chamavam o Gilberto, um g- um gajo que tinha muita fama, no tempo da maltesaria,
[37]
era um dos valentões !
[38]
Mas o gajo era mais velho de que eu.
[39]
E eu também sendo por bem
[40]
era bom,
[41]
mas por por mal também não era assim muito bom,
[42]
e guerreávamos.
[43]
Guerreávamos
[44]
e [vocalização] e o sacana dava conta de mim, de me pegar e ir comigo à rojo por cima daqueles cardos,
[45]
e ainda me bateu.
[46]
E eu depois que me ba- de me bater, fui-me embora,
[47]
fui servir para o Pinhal de Cima.
[48]
No Pinhal de Cima, estive era irmão da, da da tia Henriqueta, que era que era a dona da Saramaga, que é [vocalização] uns lavradores que havia ali ao de São Francisco estive o resto do tempo até te-, até ter até ir à inspecção.
[49]
Estive estive sempre por conta deles.
[50]
Pr- Primeiro andava por conta dos dois
[51]
e depois acabaram o negócio,
[52]
fiquei por conta da tia Henriqueta.
[53]
Estive até ter vinte anos.
[54]
então é que então é que foi essa coisa de [pausa] morrer também um filho dessa la- dessa lavradora, que era o Giordano da Saramaga.
[55]
Agora um Giordano da Saramaga que é que é negociante
[56]
mas não é nada sequer a esse,
[57]
é de de outra Saramaga.
[58]
E então esse era um tipo rico, um tipo que toda a gente gostava dele.
[59]
Era boa pessoa
[60]
e mesmo era um tipo,
[61]
[vocalização] enfim, toda a gente gostava dele, porque tinha tudo de bom.
[62]
Era bondoso
[63]
e era e era um tipo instruído e, e.
[64]
Mas teve pouca sorte.
[65]
Deu-lhe aquele mal, tuberculose,
[66]
e não não se curava naquele tempo,
[67]
isto
[68]
Sei os anos que !
[69]
Para mais de cinquenta.
[70]
Deve de haver mais de cinquenta, pois
[71]
INF1 Bom, que ele morreu não não mais de cinquenta,
[72]
mas [vocalização] perto de cinquenta.
[73]
mu- muito perto de cinquenta.
[74]
E então, nessa altura, ele possuía uma concertina,
[75]
esse, esse, esse esse tipo possuía uma concertina também,
[76]
e tocava, e tocava bem.
[77]
Mas depois deu-lhe aquele mal,
[78]
coitado, morreu,
[79]
tinha para para vinte anos, ou pouco mais.
[80]
Ele era pouco mais velho do que eu.
[81]
Era Tinha mais uns três ou quatro anos do que eu.
[82]
E de m- de maneira que o homem morreu,
[83]
esteve muito tempo que eles não a vendiam que aquilo estava, pois, estava, estava
[84]
A concertina estava guardada
[85]
e eu sabia.
[86]
Que tinha um cegueirão naquilo!
[87]
Eu tocava realejo.
[88]
Comecei logo a comprar uns realejozinhos.
[89]
E tocava realejo
[90]
mas tinha uma cegueira!
[91]
Ia Aonde quer que estivesse um tocador, eu estava a noite inteira à roda dele.
[92]
Depois eles sabiam que eu que tinha cegueira naquilo
[93]
e [vocalização] achavam que eu que tocava bem realejo
[94]
e [vocalização] pensaram: "Ah!
[95]
A gente vendemos a concertina ao moço.
[96]
Ele não tem dinheiro, mas vai pagando".
[97]
Foi a maneira assim de eu de eu então comprar então uma concertina.
[98]
E daí é que começou assim a ir para diante.
[99]
INF1 E [vocalização] E então que a minha vida foi a cuidar em gado, quase sempre.
[100]
E depois trabalhar com gado.

Edit as listText viewSentence view