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Moita do Martinho, excerto 12
Text: -
INF1 Tinha que, tinha Primeiro é carpeá- lavá-la,
Não sei se quer isto c- mais compassado.
INF1 Lavada, carpeada e, e e depois cardada.
INF1 O cardador, que era com umas cardas, assim a passar,
que era era tudo feito assim à [vocalização] à mão.
Mais tarde vieram as fábricas.
Isso eram eram uns indivíduos já especializados nisso, que andavam no campo para ganhar o seu.
Depois viviam de lugar em lugar,
sabiam onde é que havia as zonas das ovelhas
e [vocalização] e vinham vinham fazer essas cardas assim, cardar.
Agora mais tarde, passaram a vender a vender as lãs,
mas ali, a maior parte da lã faziam-na mesmo para fabrico próprio.
e depois tinha que ser carpeada à ma– à mão,
INF1 e depois é que ia ser cardada.
E depois as mulherzitas quase todas sabiam fiar com aquele fusozico, de torcer na mão,
e daí faziam umas camisolas que a gente usava para guardar o frio.
E guardavam bem o frio enquanto se não molhavam.
Mas em se molhando, um homem via-se via-se à rasca para as para as conduzir a casa
que ensopavam muito a água.
Mas eram umas umas camisolas que enquanto não não se molhassem, realmente o frio não entrava.
INF1 Eram homens mesmo é que teciam isso com aquelas com aquelas duas agulhas.
INF1 Eram homens mesmo que faziam isso.
INF1 [vocalização] Até parte deles eram pastores.
Anda- Andavam a guardar o gado
e andavam com a com a coisa aqui assim ao pescoço e, e a e a tecer fazer as camisolas por lá e a guardar o gado ao mesmo tempo.
INF1 Eu nunca aprendi isso
e havia então com não sei mais não sei quantas, que era era uma uma carreira de agulhas em toda a volta.
acabavam de, de gastar de encher aquela,
INF1 E havia quem fizesse só com duas também.
Era Era tudo assim com o fuso, a torcer o [vocalização] a o fuso com os dedos.
INF1 Isso agora é que eu não estou bem certo…
Agora já estou recordado.
Era uma cesta enfiada no braço
e traziam as pastas dentro da, do, do da cesta.
INF1 E depois dali iam puxando, ali assim, puxando aquilo,
em estando mais ou menos com aquela torcedura que lhe queriam dar, tornavam outra vez a puxar, outra vez o [vocalização] aquela pasta que já tinha sido cardada,
e tornavam outra vez a fazer, a torcer.
Mas nós aqui, na nossa família, nunca se usou isso.
A minha mãe até era era costureira.
INF1 Ela tinha tinha muita freguesia.
e [vocalização] e sabia fazer o fato de alfaiate, o fato de homem.
INF1 Não fazia outra coisa senão só fazer o comerzito, lavar a gente,
e de resto, a vida dela era…
Nunca foi para o campo, nem coisa, a não ser apanhar uma mancheiita de horta
INF1 para fazer a comida.
O mais era sempre [vocalização] com a máquina [pausa] a trabalhar.
E tinha muita freguesia mesmo!
Às vezes, o meu pai até se até se aborrecia
porque ela depois não tinha tempo para, para para fazer outras coisas que haviam de ser feitas, por causa de:
"Ah, eu queria isso feito até domingo, se pudesse ser"…
E depois ela, coitada, não não lhe apetecia a dizer-lhe que não
estava até às tantas da noite sempre agarrada à máquina.
A gente íamos para a cama
"Olha, a mãe ainda está a trabalhar!
Ainda sentimos a máquina a trabalhar".
INF1 Era a dar ao pedal da máquina, não é?
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