Representação em frases

Moita do Martinho, excerto 31

LocalidadeMoita do Martinho (Batalha, Leiria)
AssuntoO moinho, a farinha e a panificação
Informante(s) Celestino

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[1]
INF Chama-se buzinos.
[2]
[pausa] Faz o som.
[3]
Nós à noite estamos em casa,
[4]
pelo toque sabemos o andamento que eles trazem,
[5]
INF com o toque, com com o toque da música em minha casa.
[6]
INF [vocalização] Sim,
[7]
são de barro e de cana também.
[8]
Sim.
[9]
INF Sim.
[10]
[pausa] Mas tem poucos
[11]
INF Tem poucochinhos de barro agora.
[12]
Quando ele tem assim a média de cinquenta para cima, isso é que faz uma música muito forte.
[13]
INF Pois é.
[14]
INF [vocalização] Sim senhor.
[15]
INF Aqui o solho, o solho do moinho.
[16]
INF É sim senhor.
[17]
INF No meu tempo havia mais de madeira e noutros tempos.
[18]
INF Mas depois a coisa foi modificando, modificando
[19]
e começaram a passar a fazer em pedra.
[20]
INF Isto é muito antigo.
[21]
INF Isto é muito antigo, senhor.
[22]
INF Sim,
[23]
sou eu agora é que estou a moer.
[24]
Num tempo, isto era tudo de família.
[25]
Mas a vida modificou
[26]
e isto também não é rico
[27]
e depois pararam.
[28]
Parte deles estão abandonados.
[29]
INF Agora eu é que estou a funcionar ainda.
[30]
INF Não são.
[31]
Eram de família.
[32]
Um é dum cunhado
[33]
e outro era do meu pai,
[34]
mas vendeu-o uns anos para a comissão de turismo de Leiria.
[35]
INF Sim, sim.
[36]
Pertence à comissão de turismo.
[37]
INF Aquele mais caiadinho.
[38]
Mas não funciona.
[39]
INF Não.
[40]
Ele não o puseram a funcionar.
[41]
Compraram
[42]
e aquilo abandonou-se
[43]
e está assim.
[44]
INF É a alveira, que é aquela que está desmontada.
[45]
INF Estas [vocalização] são as mós de moer o milho.
[46]
Se nós pusermos trigo nestas mós, o pão fica escuro;
[47]
e se puser trigo na o mesmo trigo naquela , fica branquinho.
[48]
A é diferente.
[49]
Chama-se Chama a gente aquela a pedra alveira.
[50]
INF Isso.
[51]
Tipo pedra lioz, ou espécie de pedra lioz.
[52]
INF Não, não.
[53]
INF Aquelas vêm das grutas de Santo António.
[54]
E estas vêm de Vila Nova de Poiares.
[55]
É uma espécie dum granito muito rijo.
[56]
INF Esta Esta é encarnadinha,
[57]
é da cor de cravo,
[58]
e o poiso é branco.
[59]
E esta é branca
[60]
e o poiso é encarnado.
[61]
É do banco das mós que ele lhe tiram, naqueles tempos, não é?
[62]
INF Isso dura muito!
[63]
Esta anda aqui a moer desde o ano de 1925.
[64]
INF Isso não acaba,
[65]
isso dura-me o resto
[66]
INF Nada.
[67]
Absolutamente nada.
[68]
Estão aqui mós para quem quiser vir!
[69]
INF Não tem bom negócio!
[70]
Isto dura muito, senhor!
[71]
Dura muito!
[72]
INF Celestino.
[73]
INF Sou aqui mesmo da da povoação, desta povoaçãozinha.
[74]
INF Aqui chama-se os Moinhos da Fazarga.
[75]
INF Fazarga.
[76]
Tem Tem este nome por toda a parte, sei , por toda a parte do mundo quase.
[77]
INF É, os Moinhos da Fazarga.
[78]
INF A Moita Redonda é aquela povoaçãozinha ali.
[79]
INF Sim,
[80]
eu vivo aqui em baixinho, aqui perto.
[81]
Mas eu fui nascido e criado nesta povoação à frente, chamado Loureira.
[82]
INF Sempre vivi aqui com os moinhos, do tempo dos meus pais e de meus avós até,
[83]
que os meus bisavós até foram moleiros.
[84]
Isso é uma tradição muito antiga que vem de longe!
[85]
Por isso é que nós vamos sempre mantendo.
[86]
INF Vamos sempre mantendo, com certeza.
[87]
INF Tudo moinhos de vento.
[88]
De água aqui não não .
[89]
moinhos de vento, pois é.
[90]
INF Sim,
[91]
também amarelo.
[92]
Também Também moemos amarelo.
[93]
Tenho amarelo em casa,
[94]
mas em geral trabalhamos mais com o milho branco que amarelo.
[95]
INF Depende das áreas, das zonas.
[96]
INF Sessenta e dois anos.
[97]
INF Nós vamos buscar e levar.
[98]
Mas geralmente também vem muita gente buscar,
[99]
pois vêm trazer
[100]
e depois levam.

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