Representação em frases

Montalvo, excerto 7

LocalidadeMontalvo (Constância, Santarém)
AssuntoNão aplicável
Informante(s) Guilherme Guliver

Texto: -

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INF1 Não estudei.
[2]
Não estudei.
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Estudei só a minha ideia.
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INF1 Sim, estudei só…
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Fiz Fiz só memórias cá na minha ideia, só,
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pronto, era só,
[7]
quer dizer…
[8]
INF1 Nada.
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Nunca estudei nada.
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O que fixei foi sempre coisas, enfim,
[11]
via é que via que fazia bem
[12]
e fazia uma prova disto ou daquilo.
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E depois via se dava resultado, se não dava.
[14]
Não dava resultado, punha de lado,
[15]
seguia a outra que dava resultado.
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INF1 E tomava nota naquilo, por exemplo, que qualquer das três meninas que estão aí agora que me dizem, ou qualquer coisa,
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eu sou amanhã capaz de começar a pensar, ou até de noite: "E a fulana disse isto,
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disse aquilo.
[19]
Eh pá, é verdade"!
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É assim,
[21]
mas vamos por aqui,
[22]
talvez seja bom.
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É claro, é assim a vida.
[24]
INF1 Andei aqui com uma brigada de homens, aqui em cima, e com uns senhores engenheiros –
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até havi- eram ali do Rossio.
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Alguns já estão reformados até.
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Andei ali em cima n-, n- na brigada.
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Ora eles, and- é claro, andavam lá.
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Eles chegavam ao pé de mim: "Ó senhor Guilherme, deixe-me lá agora"…
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Os homens andavam a dois a dois, nas oliveiras.
[31]
"Deixe-me lá agora fazer aqui uma coisa".
[32]
Iam para o pé da duma oliveira,
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mandavam cortar por aqui e por além.
[34]
Mas olhe que eu achava de mais, pelo menos ali num sítio onde chamam a carreira,
[35]
a gente chama aquilo ali uma carreira de oliveiras.
[36]
E eu andava lá até quase a acabar.
[37]
E ele chegou lá
[38]
e começou a : "Ó senhor Guilherme, deixe-me cá agora encaminhar esta brigada".
[39]
Ele e depois ele estava ali a dizer para cortar: "Corte,
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corte mais a esta",
[41]
"Se fosse a si, cortava mais aquela",
[42]
"Corta mais ao outro, mais ao outro"
[43]
e deixava-me só os paus próprios dentro da oliveira, que faziam mal, que não deviam de ir lá ficar.
[44]
Que é o é uns ladrões completamente para cansar a árvore.
[45]
É que cansa mesmo a árvore.
[46]
Acabar tudo.
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Eh!
[48]
Aquilo não me estava a calhar bem .
[49]
O patrão no outro dia chega ao pé de mim: "Olhe cá, esteve cá o engenheiro"?
[50]
"Esteve, esteve.
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Esteve cá o engenheiro".
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Depois ele: "Olhe, mas então onde é que ele andou"?
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"Olhe, em tal banda.
[54]
Andou em tal banda assim,
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assim, mas o serviço não ficou nada bom".
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"Não ficou"?
[57]
"Pois não".
[58]
Como eu estive ali um bocadito calado, diz ele para mim: "Amanhã vai lá abaixo com uma caldeira com cal
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e marca as oliveiras que você diz que ele que marcou".
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Digo-lhe assim: "Está bem.
[61]
Vou logo que o senhor doutor mandar,
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mas quase que não é preciso".
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"Onde é que é"?
[64]
"É em tal banda assim, assim.
[65]
O senhor logo vê as oliveiras.
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Elas estão lá,
[67]
aquilo até me parece quase as bandeirolas que está quando é nas festas, nos coretos das músicas,
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aquilo só no ar
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aquilo parece bastante".
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O homem não vinha bom!
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Era um, era um Era doutor mas não era engenheiro.
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INF2 Tem um nome, às vezes.
[73]
INF1 Era um chamado que era ali do coiso.
[74]
Bom, andou a est- a estudar mas não acabou o exame,
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não acabou o coiso curso.
[76]
E aquele, ele com certeza – peço desculpa –, mas ele com certeza que devia tinha acabado de almoçar há pouco tempo quando ele lá chegou.
[77]
E teve E foi o que eu notei: "Aquilo acabou de almoçar
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e depois veio para aqui fazer isto".
[79]
Já se sabe o que é.
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Depois Depois ele vinha para cima,
[81]
eu andava com os homens até acolá lá à borda da estrada.

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