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Montalvo, excerto 11
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tinha quem me ajudasse a mim, que eu também ia ajudar os outros.
Noites inteiras, andar até às duas horas de noite a malhar, à porrada ao chão!
Chamava a gente umas moeiras, que era um pau assim comprido com uma coisa na ponta.
Não sei se já se lembram disso?
INF2 Ainda lá tenho a minha.
INF2 Uma moeira, que é uns bocados de correia e tal, arranjado.
Um pau assim na na ponta pendurado.
Chama Chamava-lhe a gente um pírtigo.
Era a hástea e o pírtigo.
De maneira que toca de porrada.
Por exemplo, andávamos quatro homens nesta banda, outros quatro daquele lado.
Andava as nossas mulheres, ou alguém que a gente tinha que ajudasse, com uns candeeiros – que nem havia luz, nem nada –, com uns candeeiros de lado, para alumiar, para a gente ver onde é que andava a bater, à porrada ao chão.
Dava-se-lhe a primeira corrida,
depois ia-se buscar as ferramentas da eira, os ancinhos;
puxava-se aquilo para fora,
tirava-se-lhe o milho de baixo para um lado para um monte;
depois ia-se remalhar aquilo outra vez.
Porque ainda ficava muita espiga partida ao meio, com milho.
Tornava-se a malhar outra vez, a dar porrada até ficar.
E depois tirava-se outra vez para fora.
E depois estava a gente – chamava-lhe a gente os casuis, que é aquele casul que está dentro da, da, da do milho.
INF1 Que está muito certo.
Tirava-se aquilo para fora.
Acartava-se para um cesto, lá para um monte, para para e depois [pausa] fazer estrume, qualquer coisa.
[pausa] O milho espalhava-se [pausa] tudo,
e íamos limpá-lo com umas pás.
Toca de limparem para o vento, tudo.
E a mulher, a mulher ou um outro colega assim com uma com uma vassoura, chamava-lhe a gente a conhar, a apanhar aquele casulito por cima, para o lado, para depois passar com o crivo, tudo.
Mas sabe, eram nove alqueires para o patrão e um só para a gente, no campo, de milho da eira.
INF1 E o que a gente trabalhava!
Está a ver a menina [vocalização] o princípio desta desta vida, o que o que a gente fazia, tudo.
[vocalização] Hoje já não sucede isso.
Já vão debulhar no campo,
Já não Já não aproveitam o pasto,
É É conforme está na bandeira e tudo,
cai aquela moinha toda para o chão, e tudo.
E antigamente era feito assim.
Mas hoje, se fosse assim, não havia gente para isso.
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