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Montalvo, excerto 15

LocationMontalvo (Constância, Santarém)
SubjectA oliveira, a azeitona e o azeite
Informant(s) Guilherme Guliver
SurveyALEPG
Survey year1991
Interviewer(s)Ernestina Carrilho Maria Lobo
TranscriptionSandra Pereira
RevisionMaria Lobo
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationMárcia Bolrinha
LemmatizationDiana Reis

Text: -

[1]
INF1 Não.
[2]
E depois apanhava-se debaixo da oliveira
[3]
e tirava-se os panos,
[4]
juntava-se.
[5]
INF1 Tinha muita folha, muito ramo partido que caía de cima das oliveiras.
[6]
Andavam dois homens, ou duas mulheres, ou duas pessoas [pausa] de lado,
[7]
e depois juntava-se uma dum lado e outro
[8]
[pausa] e começavam a peneirar assim com o pano.
[9]
É claro, a azeitona, um chegava para baixo
[10]
e a gente depois tirava a rama por cima, [pausa] para fora.
[11]
INF1 Que era depois escolhido algum bago.
[12]
Quem vinha era as mulheres atrás a apanhar os bagos que eram desperdiçados, quer dizer, que saltavam, qualquer banda,
[13]
escolhiam aquela rama também e tudo.
[14]
Ficava.
[15]
E depois daí levava-se para dentro dum cesto.
[16]
De lá ia para um monte.
[17]
Fazia-se um monte.
[18]
À tarde, estendia-se dois panos com umas canas espetadas ou com um pau a atravessar, preso, e uns panos, já com uns baraços po- postos aqui nas pontas, atado.
[19]
E depois ia o homem com uma pá a padejar daqui do monte de encontro ao vento.
[20]
Quer dizer, a azeitona caía dentro do pano
[21]
e e a folha caía,
[22]
vinha-se embora cá para trás.
[23]
INF1 Está a perceber como é?
[24]
INF2 Ficava a azeitona limpa.
[25]
INF1 Saía, claro,
[26]
está aqui um monte
[27]
e a gente depois, é claro, traziam aqui ao pé do monte,
[28]
deitavam um capachinho um couchinho de azeitona ao, ao ao ar.
[29]
Deitavam uma capachinha aquela cheia de azeitona ao ar,
[30]
vinham logo o caminho para onde a folha caía.
[31]
Vinha para aqui,
[32]
o vento está dali,
[33]
iam além.
[34]
Se-, sete passos Sete passos que a gente marcava,
[35]
que eu por acaso também tenho isso de ideia e também o fiz.
[36]
Sete passos.
[37]
Marcava,
[38]
chegava lá,
[39]
espetava uma estaca aqui, outra aqui, outra aqui.
[40]
Punha um pau aqui a atravessar.
[41]
Justamente aqueles panos que a gente punha, que que era para o padejador, que era panos mesmo do padejador, tinham uns baraços.
[42]
Pois tinham três coisos.
[43]
INF2 Para atar ao ao pau.
[44]
INF1 Atava-se-lhe ao pau.
[45]
Claro, ficavam estendidos e atado aqui assim, está a perceber?
[46]
O pau estava aqui,
[47]
fica assim aqui atado.
[48]
O homem de acolá começa a apanhar.
[49]
Põe-se ali com a pá
[50]
e atira.
[51]
INF1 Atira,
[52]
mas não é atirar como se carrega um carro com as azeito- [vocalização] com terra.
[53]
A gente para carregar um carro com terra, atira com a pá a direito para cima.
[54]
Aquilo tinha que ser ao contrário.
[55]
Tem que voltar a pá quando vai a pá no ar,
[56]
vai assim,
[57]
mas volta ao contrário.
[58]
Volta para ali, que é para abrir a azeitona.
[59]
Se o vento está Se vai assim a tombar para aqui, cai junta,
[60]
não abre
[61]
e o vento não a limpa, se por acaso quando o vento seja pouco.
[62]
Não abre,
[63]
tem que ser ao contrário:
[64]
vai,
[65]
atira com a azeitona
[66]
e volta-a assim, a azeitona no ar.
[67]
A azeitona no ar abre,
[68]
faz leque,
[69]
faz assim leque,
[70]
a azeitona atira-se assim ao ar.
[71]
Quer dizer, a gente faz a menção,
[72]
não é atirar daqui a direito para além.
[73]
Atira-na ao ar p-, para que,
[74]
vai assim, para cair acolá.
[75]
INF1 Claro, tira- alevanta um bocadinho ao ar.
[76]
Pronto, essa já está.

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