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Montalvo, excerto 16

LocationMontalvo (Constância, Santarém)
SubjectA oliveira, a azeitona e o azeite
Informant(s) Guilherme Guliver
SurveyALEPG
Survey year1991
Interviewer(s)Ana Paula Banza
TranscriptionSandra Pereira
RevisionMaria Lobo
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationMárcia Bolrinha
LemmatizationDiana Reis

Text: -

[1]
INF1 O [vocalização] O primeiro?
[2]
INF1 Bom, era não tinha quase nome.
[3]
Era É fino,
[4]
era azeite fino.
[5]
Dizíamos a gente que era fino, por exemplo,
[6]
INF1 com um grau, ou com nove décimos, ou com qualquer coisa assim.
[7]
Bom, ele até se tirou ele até se tem tirado aqui na nossa coisa…
[8]
Agora, a engenharia agora está mais bem colocada, não é?
[9]
Tem de se tirar aí com com quatro e cinco décimos só.
[10]
Nem tem chegado ao ao grau!
[11]
Tanto fi- é É fino demais!
[12]
INF1 Até é fino demais!
[13]
Nem se acha Nem se acha no comer.
[14]
INF1 É, é, é.
[15]
Bom, isso é outro azeite.
[16]
Isso é é o azeite quando está a correr para a tarefa e que não que não é caldado.
[17]
Quer dizer, não é caldado não le-…
[18]
INF1 Porque o azeite no fim de aquilo estar espremido…
[19]
INF1 No fim de aquilo estar espremido –
[20]
é bom puxar certas conversas que é para me eu lembrar alembrar.
[21]
INF1 [vocalização] No fim de aquilo estar tudo espremido, o, o o mestre do lagar vai deitar uma porção de água quente lá para dentro.
[22]
Sangra.
[23]
Quer dizer, por baixo tem duas torneiras, a tarefa.
[24]
Tem uma mais alta e outra mais baixa.
[25]
E ele vai,
[26]
e abre, por exemplo, a do fundo.
[27]
Quando a de cima começa a aparar o azeite, fecha.
[28]
Que é para sair a almofeira, que é aquela água suja que a a azeitona tem.
[29]
INF1 É a almofeira.
[30]
Chama a gente a almofeira.
[31]
Saiu aquilo tudo.
[32]
Chegou à altura daquela de cima, que lá está o azeite, para para o azeite não sair para a rua.
[33]
Porque depois há um há um cano que leva aquilo direito a um lado onde há umas, uns, uns uns três ou quatro depósitos,
[34]
passa duns para os outros:
[35]
este passa para este,
[36]
este passa para aquele
[37]
e aquele passa para aquele.
[38]
INF1 Tudo.
[39]
Entra por baixo e sai por cima para en- para passar.
[40]
Que chama-lhe a gente os ladrões.
[41]
E [vocalização] não é poucos, que eles às vezes roubam bastante.
[42]
Estão Estão a medir o azeite para o para os proprietários
[43]
e estão assim com o pé por baixo a abrir a torneira um bocadinho, para correr azeite para lá, para depo- depois tirarem para os patrões.
[44]
Também se faz!
[45]
Também se faz!
[46]
Nesse tempo também se fazia muita muitas coisas assim.
[47]
E o dono estava ao
[48]
pé e não via.
[49]
E o pé por baixo é que estava a trabalhar.
[50]
Risos Depois no fim de de estar aquilo sangrado, [pausa] é caldado.
[51]
Com a tal água fria.
[52]
E é aí é que se tira o azeite antes de ser caldado.
[53]
INF1 Para curar certas e me- mezinhas e certas coisas.
[54]
É antes de ser caldado!

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