Sentence view
Montalvo, excerto 52
Text: -
showing 1 - 100 of 147 • next
Pois eu queria contar uma coisa.
Por exemplo, a gente vamos trabalhar,
Ia m- Ia companhas de homens – chamava-lhe a gente uma companha [pausa] de homens, com um capataz, e que falava ao pessoal –
e ia [vocalização] ou cortar mato, por exemplo, para dentro do do povoado de, de dos sobreiros, portanto, aqueles sobreiros, cortar, limpar, fazer limpeza, fazer limpeza à [vocalização], ao [vocalização] ao sobreiral que estava, por exemplo [vocalização] àquilo, e fazer limpeza.
E é claro, a gente, então usávamos umas roçadoiras para cortar o mato.
Quando era em Março e Abril – a gente íamos justo por sete meses –, quando era em Março e Abril ia-se queimar.
Queimar, tinha que se queimar ao contrário.
Quer dizer, tinha que se queimar [vocalização] ao contrário do vento.
o vento estava a bater para aqui,
mas aquilo ia sempre moendo e ardendo.
E a gente íamos puxando com os tais ditos [vocalização] forcados, que estava aqui um numa planta dum livro, [pausa] que estava aqui.
É claro, e a gente depois tínhamos que fazer o comer e comer.
Tínhamos que fazer o comer e comer.
A gente usava lá uns cochos de cortiça – chama-lhe a gente o cocho –
Aquilo arranjava-se uma navalha,
ali tudo raspadinho fora e tudo,
Tínhamos umas umas panelitas de barro que se usavam, que os oleiros usavam dantes, que essas panelitas chamava-lhe a gente uma púcara [pausa] àquilo.
Que era para para estar a cozer o feijão, ou as couves, ou o arroz, ou tudo o que a gente lá deitava, tudo.
Tínhamos uns tachos, também de barro, com um rabozito pequeno assim, que a gente punha,
fazia uma cova no chão assim deste desta coisa, da largura da enxada, funda.
E [vocalização] nas barreiras era para assentar as vasilhas do comer, aqui assim.
Isto chama-se uma, uma, uma, uma uma fervedeira.
INF E a gente punha ali a coisa em cima.
E depois, por exemplo, a gente quando era principal da manhã, quando era por exemplo aí às nove horas, antigamente trabalhava-se de sol a sol,
e quando era p- quando às vezes era p-, por, por por a noite adiante ainda.
E E é claro, quando eram nove horas íamos almoçar.
a gente íamos fazer o comer e para comer.
Mas o almoço, tinha que se estudar a maneira sempre para o almoço de aviar mais depressa.
O que é que a gente foi, f-, que a gente fazia parte das vezes?
Punha o tacho ao lume com uma pinga de água,
punha-lhe um dente de alho, ou dois,
e punha-lhe uma folha de louro
Havia esse este pão saloio – que ainda às vezes ainda aparece por aí, que chamam-lhe o pão saloio –,
havia esse pão, que custava um pataco.
Sabe quanto é que era um pataco?
Sabe quanto é que era um vintém?
São quatro moedas de cinco, ou sejam duas de dez.
Um tostão tinha tinha cinco moedas de, de de vintém.
Quer dizer, um vintém é quatro moedas de cinco.
É esse dinheiro antigo que havia assim.
Que eu uma vez fui-me para acolá para a feira, para Abrantes, mais um irmão meu – já lá está também, que era até encanalizador,
e e tinha nascido a minha irmã mais nova.
E eu depois fui-lhe pedir à minha mãe –
bom, seja a minha madrasta, mas eu tratava-a por mãe porque eu fiquei sem mãe da idade de dezoito meses, mas eu chamava-lhe mãe – para ir para: "Ah, não.
e queria ir à feira mas não tenho dinheiro",
Disse: "Olha, vai aí" – ela estava na cama – "vai aí à tábua da chaminé"…
Há estas casas antigas que têm uma tábua na chaminé assim por cima.
vi vi-me duas barracas de circo,
ainda trouxe dinheiro, sabe.
Com cinco tostões, duas eram cinco moedas de, de de vintém
e cada moeda uma moeda de vintém tem duas de dez.
E E essa moeda de dez são duas de cinco.
Um vintém era dividido em em quatro partes, tudo.
[pausa] E de maneira que a gente comprava aquele coiso
A gente arranjava o cocho
e a gente íamos comprar o pão ou…
a gente usava a comprar o pão, por exemplo, de dois em dois dias é que a gente comprava o pão.
Aquilo era quase sempre pão caseiro porque era quase cozido cá nos nossos fornos e.
A gente migava uma quantidade de sopas para dentro de, de, [vocalização] migas para dentro do coiso
e depois deitava-se-lhe um coisinho de sal, [vocalização] o tempero que era preciso, o sal, o azeite, e tudo,
chamava-lhe a gente aquilo àquilo um capacho.
Vamos lá por aqui [vocalização].
Vamos lá já a falar como é coisa:
Aquilo fervia, aquilo tudo
e a gente chamava aquilo àquilo um capacho.
Tínhamos um bocadito de bacalhau para assar.
Edit as list • Text view • Sentence view