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Outeiro, excerto 54

LocationOuteiro (Bragança, Bragança)
SubjectA vinha e o vinho
Informant(s) Austrino Camila Aldo
SurveyALEPG
Survey year1994
Interviewer(s)Luísa Segura da Cruz
TranscriptionCatarina Magro
RevisionMaria Lobo
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationCatarina Magro
LemmatizationDiana Reis

Text: -


[1]
INF1 Para ter vinho é preciso pr- plantar, a- abrir um o rego e depois plantar
[2]
[pausa] Mas primeiro ainda se tem de se fazer o seguinte:
[3]
[vocalização] quem ponha o o bacelo [vocalização]
[4]
INF2 São as velhas bravas!
[5]
INF1 A medrar, a medrar, bravas,
[6]
e põe-se numa horta.
[7]
INF2 Depois de que ele está grandinho, está assim, empeçam-se a pôr.
[8]
INF1 Depois, se está
[9]
Começa a Começa a, a botar a botar folha e tal, daqui e dalém,
[10]
depois é que a gente cava-o, bem cavadinho, e tal,
[11]
depois chega,
[12]
quando quer pôr o campo da vinha, depois põe abre, [pausa] com uma máquina,
[13]
abre [vocalização] os regos que uma pessoa quer, os valados que quiser,
[14]
INF1 e coloca [pausa] cada [pausa] cada metro cada metro seu [pausa] seu bacelo.
[15]
INF2 Eu estive
[16]
Seu bacelo.
[17]
INF1 Pronto, pronto!
[18]
Coisou.
[19]
O que prendeu arrebentou;
[20]
o que não prendeu não arrebenta.
[21]
INF1 Pronto.
[22]
Arrebentou.
[23]
[pausa] Pega a gente,
[24]
fala,
[25]
vai um homem
[26]
e enxerta.
[27]
Corta umas vides, umas videiras
[28]
INF1 doutra vinha , [pausa] que é dado
[29]
INF1 que é boa.
[30]
Tenho de muitas muitas qualidades.
[31]
INF1 Olha uma lagartixa,
[32]
olha, além.
[33]
INF2 É da qualidade que quer!
[34]
INF1 E E pega,
[35]
corta-se com três g-, com, com três gro-, com com dois gromos;
[36]
fica com duas gemas.
[37]
INF2 Ah, coitadinha!
[38]
INF2 Olhem acolá, filhos,
[39]
ele não vêem uma lagartixa?!
[40]
INF3 Eu vi.
[41]
INF2 Não viste?
[42]
INF1 E coloca-se.
[43]
Com a navalha corta-se o bravo, por exemplo, aqui assim.
[44]
Cavaca-se o que se lhe mete,
[45]
escavaca-se
[46]
e depois mete-se-lhe a puia.
[47]
INF1 E mete-se-lhe depois um refia.
[48]
INF2 licença.
[49]
INF1 Refia.
[50]
INF1 Refia, em volta.
[51]
INF1 Um bocadinho, para ficar.
[52]
Depois de estar a refia presa, dão dá-se-lhe um , um coiso, pronto.
[53]
A gente, depois de estar pronto, dá-lhe mais um jeitinho para que ela aperte
[54]
Depois, é acovilhado.
[55]
É acovilhado com com terra
[56]
e fica todo aos montõezinhos, assim.
[57]
INF1 Nesse sistema todo em volta, enterrada.
[58]
INF1 A enxertar.
[59]
[pausa] [vocalização] Depois fica aquela terra toda em voltinha, topa, topa, topa, topa.
[60]
INF1 A gente, [pausa] vai-se vendo,
[61]
[pausa] vai vendo [pausa] e olhando para eles porque pelo próprio bravo pode arrebentar por baixo.
[62]
INF1 E se arrebentar, não vai a força para o [pausa] enxerto.
[63]
INF1 Vai
[64]
Vem debaixo do bravo à mesma.
[65]
INF1 A gente tira-se-lhe, depois, com cuidadinho.
[66]
Tira-se-lho outra vez
[67]
INF2 São os mamões que toma.
[68]
INF1 Tira-se-lhe outra vez o bravo bem tiradinho, para que a força para o enxerto.
[69]
INF1 O enxerto empeça a puxar, a puxar, a puxar, a puxar até que se forma a parreirinha.

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