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Porches, excerto 16
Text: -
INF Às ve-, até [pausa] quase que me incomoda de, às vezes, eles [vocalização], às vezes, dizerem coisas…
Principalmente Principalmente esses [pausa] que mais têm estudado [pausa] são o- os que mais asneiras dizem.
E eu aproveito mais depressa.
suponhamos assim: eu [pausa] não sei ler,
[vocalização] não posso [pausa] proferir uma palavra com as letras [pausa] todas, com as letras naturais, como um que ande na escola e que lê o jornal e que lê isto e que lê aquilo e que [pausa] não erra.
Dizem as palavras, muitas vezes, com as letras todas.
E eu [pausa] posso dizer as palavras com falta de uma letra [pausa] ou com uma a a mais, também.
Mas, se as pessoas que me compreendem, [pausa] podem dizer: "Não" – eu proferi esta palavra, a palavra não é assim –
pois ele é [pausa] anda convivido com o pessoal igual a ele, aí no campo, nesses meiozinhos pequeninos,
portanto, não é asneira o que ele diz".
Agora, aquele [pausa] que sabe ler [pausa] e [vocalização] que estuda e que tem a mania [pausa] de querer saber [pausa] falar…
E, então, há uma moda [pausa] de falar, como agora nestes últimos anos;
eu tenho conhecido, já, modas [pausa] no falar.
[vocalização] Quer dizer o seguinte:
vem uma moda – não sei se me estão a compreender bem aquilo que eu quero dizer – vem uma moda de citar umas certas palavras que não se citava noutro tempo e que não existiam essas palavras.
E agora, fazem uso daquela palavra.
E depois, em vin- em um começando [pausa] com com aquela palavra, todos vão empregar aquela palavra aonde é que não faz sentido, aonde é que não tem lugar.
Diga-me a mim, aquelas palavras [vocalização], aplica-se
INF aplica-se essa essa palavra [pausa] no lugar preciso, aonde é que [pausa] se deve de empregar.
Por qualquer coisa, empregam aquela palavra, que nem não, nem não, nem não não nem é própria.
Mas, por moda, por moda, empregam aquela palavra.
E eu, é claro, e eu, às vezes, mesmo na televisão, às vezes, começam aí eles a falar, a falar
e eu, aqui, a- a ver se aproveito aquilo.
E, à vez às vezes, já tem aparecido [pausa] homens assim a falar;
dizem para ali asneiras que não sei de aonde é que vem tanta asneira!
E depois, e E depois, digo eu, eu, [vocalização] às vezes, fazendo assim uma conversinha
pois aqueles homens que que falam e que não se percebe, [vocalização] só aqueles homens é que sabem falar".
"Ah, sabem falar e dizem aquilo que não se percebe"?
e- só que eles é que se percebem.
Agora, a gente não os percebe".
pois o homem, desde que saiba falar, fala para que todos o percebem.
E de maneira que, às vezes – lá, lá longe – aparece um [pausa] a falar natural, como fa- apareceu, aqui há anos, um fulano, Armelindo não sei o quê e falava natural, na televisão.
E ele assim: "Ah, aquele fulano é aquele fulano é bruto"!
Então o homem não está a falar bem"?
pois então o homem está a falar para toda a gente perceber!
Está a falar para toda a gente perceber,
Agora, aquele aquele que fala que não se percebe, esse é que é um homem inteligente"!
Então o homem não está a falar bem?
Então, já não os percebo eu [vocalização] é a vocês.
Então, se [pausa] dizem que aquele [pausa] que fala [pausa] que não se percebe que é esse que sabe falar
e agora aquele que está a falar bem, natural, para toda a gente perceber, dizem que fala bem também.
Não sei qual é que fala bem".
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