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Perafita, excerto 11

LocalidadePerafita (Alijó, Vila Real)
AssuntoO moinho, a farinha e a panificação
Informante(s) Ácia

Text: -


[1]
INF Havia um forno que cozia [pausa] todos, todos os dias.
[2]
Todos os dias cozia, porque o povo é muito grande.
[3]
INF É,
[4]
iam.
[5]
[vocalização] Eu também ia quando não tinha o forno,
[6]
mas depois a, a a ladrona [pausa] roubava a massa da masseira
[7]
e ia, botava aos ia botá-la aos porcos, à pia.
[8]
E uma vez uma vez foram [vocalização] um cão [pausa] foram dar com um com um avental dela,
[9]
não teve tempo de a levar para casa,
[10]
e o cão agarrou na [pausa] naquele avental de, de fa- de massa
[11]
e correu pelo povo fora.
[12]
E depois foi um falatório.
[13]
E depois a mim também me fez igual.
[14]
E eu, está claro, um dia disse assim: "Ai, ó Almira, tu não te demores a ir para o forno que [vocalização] é preciso acarrar a água".
[15]
Que ela, ela a [vocalização] ladrona, bota-se à
[16]
[vocalização] Se vou acarrar a água, tenho que ir buscá-la à fonte, e ela faz a fateixa.
[17]
Ele estava a nevar,
[18]
nevava muito,
[19]
eles não puderam ir.
[20]
Eu peguei e digo: "Bem".
[21]
Depois dizia-me ela: "Vai buscar a água.
[22]
Vai buscar a água, que é preciso.
[23]
Vem outro freguês para cozer".
[24]
Ela o que queria era que me eu desandasse.
[25]
E eu fui.
[26]
Quando vim, estava a fateixa feita.
[27]
Apareceram os meus filhos, o meu mais velho e a minha filha.
[28]
E eu disse assim: "Raio vos parta.
[29]
Ela a excomungada fez a fateixa".
[30]
Diz:
[31]
"Ó minha mãe, não se aflija que eu vou dar com ela".
[32]
andámos debaixo da masseira, duma caixa grande, num pilheiro, onde ela tinha [pausa] para aí obra duma broa em cima, para trás do forno,
[33]
e o meu filho foi dar com ela.
[34]
Diz: "Ó minha mãe, aqui está".
[35]
Depois eu [vocalização], está claro, andei, andei pela picueta.
[36]
Depois fui para me tornar a cozer
[37]
mas [vocalização]: "Ai, eu não tenho vagar,
[38]
ah não tenho vagar".
[39]
"Então enriqueceu com a com a massa que me roubou?
[40]
enriqueceu"?
[41]
"Ai menino Jesus perdoai-me, que ela não me quer perdoar"!
[42]
Digo: " [vocalização] Que te perdoe Deus ou o Diabo".
[43]
Nunca mais!
[44]
Depois digo: "Bem, tratem de me comprar um forno".
[45]
Depois um senhor que mora ali nos Jorjais, ali à borda da estrada que [vocalização] até lhe chamam, é, era can-.
[46]
É cantoneiro,
[47]
o que é agora está reformado.
[48]
Era de Amarante.
[49]
Acho que é o que é o carteiro.
[50]
É, é.
[51]
Era de Amarante.
[52]
E eu disse: "Ó senhor Aristipo, o senhor quando for a Amarante, traga-me um forno".
[53]
Disse: "Trago, sim senhor.
[54]
E trago um para o Freixo".
[55]
Trouxe-me então o meu,
[56]
e trouxe um para o Freixo.
[57]
Olhe dei em o cozer foi.
[58]
Nunca mais me roubou mais nada.

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