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Perafita, excerto 25

LocalidadePerafita (Alijó, Vila Real)
AssuntoA religião e as superstições
Informante(s) Agar Ausenda

Text: -


[1]
INF1 Ah, diziam dizia que um que era bruxo.
[2]
É.
[3]
Quando houvesse sete, que um que era maluco ou [vocalização] assim seguidos mas
[4]
INF2 Não era maluco,
[5]
era lobisomem.
[6]
INF1 É, pois.
[7]
Lúbis.
[8]
INF2 E faziam-lhe [vocalização] não [vocalização] sei com que era sangue num dedo.
[9]
É isso?
[10]
INF1 É,
[11]
diziam que lhe faziam.
[12]
INF2 Se fosse menina, que era bruxa,
[13]
e se fosse menino, que era lobisomem.
[14]
E depois que ele É.
[15]
N- Aqui na nossa zona, por aqui não ninguém que tenha sete filhos.
[16]
Mas [vocalização] ouvia-se falar que havia uma senhora que tinha sete filhas.
[17]
Depois à [vocalização] última, disseram-lhe [pausa] que fizesse:
[18]
"A esta faz-lhe sangue no dedo mindinho senão [pausa] fica assim".
[19]
Mas não seria verdade?
[20]
Mas também podia ser,
[21]
isto é uma lenda.
[22]
INF1 Eles diziam.
[23]
INF2 Eu, por mim, eu se tivesse [pausa] sete filhas é, não é [vocalização] rapazes e raparigas, é rapazes ou raparigas , se tivesse sete filhas ou sete filhos, do último, fazia-lhe logo.
[24]
INF1 Ou s- Sete de uma qualidade.
[25]
Que é bom fazer-lhe sangue.
[26]
Quem fizer sangue, [vocalização] não tem mal nenhum.
[27]
INF2 Contavam Contavam que havia uma menina [pausa] muito, muito rica muito rica Até nem seria assim muito [pausa] e que namorava um rapaz, e esse rapaz era lobisomem.
[28]
INF1 Eram do Souto.
[29]
Mas [vocalização] hoje não nada disso.
[30]
INF2 E depois, começou-se assim a constar
[31]
[pausa] e [vocalização] e foi aos [vocalização] ouvidos aos pais dela.
[32]
E os pais dela não queriam nem por nada que ela namorasse com ele.
[33]
Mas ele [pausa] morava [pausa] numa avenida;
[34]
e ele morava num lado
[35]
e ela morava do outro.
[36]
Depois, disseram: "Eh, ai, é"?
[37]
"É, é.
[38]
A senhora, senão, para lho saber, vai ver que quando for meia-noite, se o não{fp se não ouvem por adiante [pausa] um cavalo a a estropiar".
[39]
A rapariguinha, coitadinha, encheu-se de [pausa] de coragem,
[40]
e tinha ouvisto falar nisso,
[41]
tinha ouvisto falar nisso de fazer sangue.
[42]
Que é que ela fez?
[43]
Pegou
[44]
em vez de se deitar pôs-se de , em [vocalização] casa dela como agora eu aqui e ali a e ali a minha irmã, minha irmã aqui ali
[45]
e quando foi à meia-noite menos um quarto, ela viu luz no quarto dele.
[46]
O que é que ela fez?
[47]
Na rua dali atrás, foi procurar uma silva, destas silvas muito grandes, que botam para esta grossura,
[48]
[pausa] vem com aqueles com aqueles picos [pausa] virados deve ser assim um bocadinho virados.
[49]
INF1 Silvas-machas.
[50]
INF2 E ela pegou,
[51]
foi cortar essa silva,
[52]
a compôs em jeito de pegar nela, nas mãos, que não tivesse picos,
[53]
e foi-se pôr [pausa] num caminho [pausa] onde ela tinha sabido que ele ia passar.
[54]
E então, pôs-se detrás duma [pausa] não sei se era de mato, se que era com aquela silva posta assim nas mãos.
[55]
Tinha coragem.
[56]
Porque ela gostava dele.
[57]
E disseram-lhe: "Olha, quebrando-lhe o encanto,
[58]
fazendo-lhe sangue!"
[59]
Mas quem é que lhe ia fazer o sangue?
[60]
Ela pegou,
[61]
arranjou essa silva chama-se a silva [pausa] silva-macha
[62]
e foi então para com ela,
[63]
[pausa] e quando ouviu ele a est- o cavalo a trepar, a trepar, ela pegou,
[64]
fez,
[65]
estendeu aquela silva fora,
[66]
os picos vão conforme estão estes meus dedos.
[67]
INF1 Macha.
[68]
Pois.
[69]
INF2 O cavalo ia a passar,
[70]
ela puxou-a [pausa] porque com o andamento do cavalo, passou a silva
[71]
e fez-lhe sangue no cavalo, não foi nele.
[72]
Mas ele ia transformado no cavalo
[73]
Pronto, ficou o príncipe ali de , ao de- [vocalização] ao dela.
[74]
Olhou,
[75]
e vem ela.
[76]
Ora quanto ele não ficou satisfeito!
[77]
Abraçou-se a ela,
[78]
trouxe-a para casa
[79]
[pausa] e casaram-se!

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