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Ribeiras, excerto 10
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INF1 Pois se tive algum caso especial?
Ele baleia já [verbo] para o bote.
Pois aquilo são tudo momentos difíceis,
[vocalização] mas quer dizer, nenhum nenhum foi [vocalização] assim que fosse marcado, não senhora.
Já se passou alguns maus,
não teve assim nada dum especial.
INF2 O mais difícil talvez de cá, seria meu irmão que poderia dizer alguma coisa…
Quando o bote partiu, que levou foi oito pontos numa perna.
INF2 Esse é que lhe podia dizer alguma coisa.
E [vocalização] cortou-se na na testa…
Esse, o Barrabás, é que podia dizer alguma coisa.
Agora o mestre Balduíno também já revirou
e a gente lá fora quando se revira, [pausa] a gente tenta é se salvar,
não tentamos pensar no perigo.
E isto é como como uma pessoa que gosta duma rapariga:
quanto mais me bates, mais eu gosto de ti.
Vamos andando para aí com essa vida, pois é.
Acontece [pausa] coisas más lá fora,
Mas, é claro, são várias que acontece
e depois a gente já estamos mais habituados, prát-, feitos à coisa, não é verdade?
[pausa] Caso especial, nunca por acaso, nunca tive.
E oxalá que não os tenha.
INF1 Já houve infelicidades nesta pesca.
Aqui mesmo no lugar, já houve aí um rapaz que [vocalização] a baleia [vocalização] o outro deu,
e [vocalização] a linha, com certeza, pegou-lhe,
E já houve mais uns casos desses.
Um nas Lages, creio eu, e outro na Calheta.
Mas isso já não é também do meu tempo.
Este rapaz aí que morreu, que eu estou falar, é acima de mim talvez uns três anos – três, quatro anos acima de mim.
INF2 Mas o Bártolo é do tempo do mestre do mestre Balduíno de arrear à baleia.
[pausa] Pois, sabe, nesta vida tem havisto também as suas coisas.
Tem havisto estas coisas.
Mas eu, graças a Deus, até aqui, ainda felizmente, não as tenho assistido ainda assim muito.
Claro, os tempos difíciles, os momentos difíciles encontra-se;
Mas, um caso especial, não.
INF2 Isto o melhor era não acabar.
Porque isto foi funda- isto foi fundado com homenzitos tudo pobres.
Entravam [vocalização] com três contos, ou mil e quinhentos, ou mil escudos…
Com tantas dificuldades na vida e é que foram fazendo este progresso da vida da baleia.
E chegou-se a ponto que nem toda a gente arreava a baleia aqui.
Mesmo dos sócios, tão depressa o foguete atirava, o bote já estava na água.
Estavam ali de manhã só a vigiar o foguete da vigia.
INF2 O mestre Balduíno lembra-se disso.
Eu já não me lembro disso
mas o mestre Balduíno lembra-se muito bem disso porque já arreava nessa altura.
e se houvesse um que fosse sócio, pois se não apanhou o bote, pois ficava atrás.
INF1 Bom, [vocalização] os botes aqui eram sociedade.
Mas todos querem ir diante porque diante sempre calha melhor sorte,
outros querem apanhar, para marcar.
INF2 Quer dizer, podiam apanhar mais – que esta senhora está-se referindo a coisa.
Mas aquele que apanha [pausa] faz um risquinho num cepo atrás, num cepo que ali tem,
e quando chega ao fim do ano, diz: "Não, tu tens dez, mas eu tenho vinte.
Tu tens catorze mas eu tenho vinte cinco".
Pois sortudo Pôs-se tudo é aquele que mais pode sair para ver se apanha a baleia primeiro de que os outros.
[pausa] Mas o mestre Balduíno é dos homens batidos aqui porque, precisamente, começou de criança;
depois andou dez anos ao atum, não foi?
Andei vários anos no atum.
Vinte e três, creio eu, ou vinte e quatro.
já havia já também há uns três anos ou quatro.
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