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Ribeiras, excerto 16

LocalidadeRibeiras (Lages do Pico, Horta)
AssuntoOs barcos e a pesca
Informante(s) Balduíno Graciliano Gregório

Text: -

[1]
INF1 Antes perder a baleia que não o homem!
[2]
Ele uma embarcação que vá atrás da baleia vai tudo é para debaixo do mar.
[3]
INF1 Porque leva o bote, leva o homem, leva o que calhar.
[4]
É uma velocidade mesmo que avoa!
[5]
[pausa] É uma velocidade grande!
[6]
INF1 Pois estes estes moços já vão à albacória.
[7]
Até é O pai daquele até é mestre de um barco, ou uma traineira,
[8]
e este é marinheiro doutra traineira de forma que …
[9]
INF2 Tem medo?
[10]
INF3 Nunca fui, não é?
[11]
Se ia, já sabia que ia-me assustar.
[12]
INF1 Pois.
[13]
Ah, todos ao princípio…
[14]
Semp- Sempre ao princípio há [vocalização], há assustam-se uma coisita,
[15]
mas depois habituam-se àquilo,
[16]
começam-se a habitar a habituar.
[17]
E depois?!
[18]
É coisa brava!
[19]
INF1 Pois.
[20]
Mas agora as forças não são medidas:
[21]
uns têm mais, outros têm menos,
[22]
mas todos têm direito a viver
[23]
e vão à baleia.
[24]
Mesmo o que seja mais fraco vai.
[25]
Ou o que [pausa] tem vontade de ir.
[26]
INF1 Bom, sempre é…
[27]
Ah, pois é!
[28]
Quanto mais, melhor!
[29]
Porque em vez de a gente ir mais encostados, podia-se ir mais de largo
[30]
e o homem chegava bem para o bote [pausa] ir mais longe da baleia para não haver tanto perigo.
[31]
Mas quase sempre o lugar é, mais ou menos, [vocalização] a mesma distância.
[32]
Eu também posso dar um…
[33]
Ela pode-se afastar rápida
[34]
e um já fica fora do alcance de um homem chegar a ela.
[35]
De forma que quase sempre…
[36]
[pausa] Bem, as distâncias são quase parecidas [pausa] para se dar lugar para o homem trancá-la.
[37]
INF1 Pois esses rapazes começam de pequenos aqui tra-, de de remadores.
[38]
INF1 Sim senhor, à baleia.
[39]
INF1 Dezanove.
[40]
Fiquei efectivo a arrear a bal-, aos dezanove.
[41]
Eu já tinha pedido ao trancador, algumas vezes, estas lanças – que é de matar [pausa] –, para lançar,
[42]
porque a baleia já estando fraca…
[43]
Estando fraca, a gente já vai experimentando,
[44]
[pausa] ele vão-se habituando àquilo.
[45]
INF1 Exactamente, exactamente.
[46]
E hoje, esses rapazes é a mesma coisa:
[47]
a baleia já está quase para morrer, fraca, mas parada em cima do mar,
[48]
a gente dá a lança [pausa] para os rapazes irem experimentando-a.
[49]
[vocalização] Gostam Têm gosto de lhe dar acolá umas lançadas.
[50]
De forma que vão-se habituando lá,
[51]
[pausa] já pegam no cargo.
[52]
Sim senhora.
[53]
INF1 Sim senhora.
[54]
Faz, sim senhora.
[55]
Por acaso também fiz a minha festa, também.
[56]
INF1 É para um [vocalização] É [vocalização] ali num botequim ele que tínhamos ali.
[57]
Até meu pai que era um homem que não bebia – que é doente, não bebia – é que foi lá para dentro para o botequim para pagar vinho para [vocalização]
[58]
INF1 todo o pessoal beber – ou para muita gente beber.
[59]
E saiu de lá muito satisfeito!
[60]
É claro que eu fui à proa, que era trancador…
[61]
E quase todos são assim.
[62]
E mesmo sendo até um pai com filho, pois quase sempre fazem uma festa.
[63]
Até mesmo que, agora, a gente arreando e a coisa calhe bem…
[64]
Até mesmo o, o ele o irmão aqui do Baltasar, o Bebiano, que é trancador, pois também faz a sua festa,
[65]
também vamos para a taberna para beber uns copos, e tal.
[66]
Há alegria
[67]
há [vocalização] e gostam.
[68]
INF1 Sim senhora.
[69]
Depois de a gente chegar aqui a terra e a coisa corra bem, pois lá se vai beber uns copitos, sim senhora;
[70]
faz-se uma festazinha!
[71]
INF1 A coisa correu bem!
[72]
Que, às vezes, pode também correr mal!
[73]
Às vezes, há dias que corre mal, também!
[74]
INF1 É sim.
[75]
Não, é assim:
[76]
eu também, hoje, eu também como oficial também, às vezes, também ajudo na brincadeira.
[77]
A gente vem satisfeitos!
[78]
Pois as coisas quando correm bem, a gente vem satisfeitos
[79]
e depois gosta de lhe fazer uma festa qualquer.
[80]
INF1 É, sim senhora.

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