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Bandeiras, excerto 20
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INF1 Era um casal que era muito pobrezinho.
Ia mais a sua companha sempre para o mar
mas nunca apanhava peixe.
Os tempos longe de casa eram o bem da mulher.
[pausa] Mas num dia chegou lá ao porto
e não tinha quem arreasse mais ele
e ele tentou arrear sozinho.
[pausa] Em altos mares e tranca um peixe.
E o peixe – [pausa] vá, ele ficou muito contente – e ele disse, o peixe: "Tu não me mates"!
E ele o velhinho foi assim: "Eu não te mato [pausa] só se me encheres a lanchinha de peixe"!
Todos os dias vou-te encher a lanchinha de peixe.
estava apanhando chicharros
e encheu a lanchinha de chicharros
a mulher ficou muito contente: "Ó marido, como é que foi isso?
[pausa] Estes dias ias mais os companheiros,
e ainda apanhaste uma peixaria"!
E ele disse: "Ah, é porque tive a sorte"!
O peixe tinha pedido que ele não contasse nada.
Ele volta no dia adiante,
tornou a trancar o peixe.
Pediu ao peixe para encher a lanchinha de peixe,
e conta à mulher: "Ó mulher, isto tem passado assim, assim".
E a mulher foi assim: "Olha, não tem nada.
[pausa] Eu quero comer duas postas desse peixe.
O primeiro dia que fores ao mar, há-des-me trazer esse peixe".
O homezinho vai no dia adiante para o mar,
[pausa] e o peixe foi assim: "Tu não me mates"!
E ele disse: "Não, vou-te matar, que a minha mulher quer comer duas postas de ti".
Ele disse: "Bem, tu vais-me matar,
mas tu vais fazer o que eu disser:
[pausa] vais dar duas postas à leoa, duas à égua,
e tua mulher vai comer duas,
e vais enterrar duas no cabo de baixo do balcão e duas fora da porta.
[pausa] E não te apa-, não enches mais Mas não apanhas mais peixe nenhum"!
O homem veio para casa com o peixe,
e ele disse: "A tua mulher come ali perto do umbigo, as duas postas perto do umbigo".
a mulher fez assim como o peixe disse:
duas no cabo de baixo do balcão, duas fora da porta da cozinha, duas à égua, duas ao leão
INF2 Isso ficou tudo grávido aí!
INF1 A cabo de tempos, ele vai,
a mulher a queixar-se para ter uma família; a leoa também a mesma coisa; o c- a égua a mesma coisa;
por baixo do balcão nasceu duas árvores;
fora da porta da cozinha, nasceu duas espadas;
mas ninguém conhecia um do outro.
Andavam vestidos de iguais;
só o que tinham é que tinham uma pouca diferença,
mas era num dente só, na frente.
O mais, a feição dum e doutro era a mesma coisa.
Quando chegaram a homens, arremediavam-se bem [pausa] já nesse tempo,
[pausa] e pediram ao pai para dir correr terras.
O pai deu-lhe um leão, a cada um deles, um cavalo e a espada, cada um a sua espada.
Foram andando muito longe
e quando vai, repartiram o caminho.
foi assim: "Olha, aqui há dois caminhos.
Cada um de nós vai cada um seu caminho
e a fim de um ano, de hoje a um ano, nós vamos voltar aqui, para visitar nossos pais e as nossas mães".
apanhou trabalho, coitado,
o outro foi até bater na casa dum rei.
e depois pediu para ser criado,
meteu-o a trabalhar em jardins.
Mas o rei tinha uma filha
e o rapaz era muito bonito.
E a filha engraçava muito no [pausa] no criado.
e o criado com medo de o rei não o mandar matar, e desviava-se sempre dela…
Tanto que um dia atentou, ela, e fala-lhe em na- em casamento a ele.
Ele disse logo que não; se o rei sabia que o matava.
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