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Bandeiras, excerto 20

LocationBandeiras (Madalena, Horta)
SubjectNão aplicável
Informant(s) Balbino Carmélia
SurveyALEPG
Survey year1979
Interviewer(s)Manuela Barros Ferreira
TranscriptionSandra Pereira
RevisionAna Maria Martins
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationSandra Pereira Márcia Bolrinha
LemmatizationDiana Reis

Text: -


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[1]
INF1 Era um casal que era muito pobrezinho.
[2]
E o marido era pescador.
[3]
Ia mais a sua companha sempre para o mar
[4]
mas nunca apanhava peixe.
[5]
Os tempos longe de casa eram o bem da mulher.
[6]
[pausa] Mas num dia chegou ao porto
[7]
e não tinha quem arreasse mais ele
[8]
e ele tentou arrear sozinho.
[9]
[pausa] Em altos mares e tranca um peixe.
[10]
E o peixe [pausa] , ele ficou muito contente e ele disse, o peixe: "Tu não me mates"!
[11]
E ele o velhinho foi assim: "Eu não te mato [pausa] se me encheres a lanchinha de peixe"!
[12]
Ele disse: "Está bem!
[13]
Todos os dias vou-te encher a lanchinha de peixe.
[14]
Mas há-des vir sozinho"!
[15]
"Pois sim"!
[16]
Desiscou o peixe,
[17]
botou o peixe do mar;
[18]
estava apanhando chicharros
[19]
e encheu a lanchinha de chicharros
[20]
e foi para casa.
[21]
Chegou a casa,
[22]
a mulher ficou muito contente: "Ó marido, como é que foi isso?
[23]
[pausa] Estes dias ias mais os companheiros,
[24]
tu não apanhavas nada,
[25]
hoje foste sozinho
[26]
e ainda apanhaste uma peixaria"!
[27]
E ele disse: "Ah, é porque tive a sorte"!
[28]
O peixe tinha pedido que ele não contasse nada.
[29]
Ele volta no dia adiante,
[30]
tornou a trancar o peixe.
[31]
Pediu ao peixe para encher a lanchinha de peixe,
[32]
o peixe encheu,
[33]
veio-se embora.
[34]
E o tolo vai,
[35]
chega a casa
[36]
e conta à mulher: "Ó mulher, isto tem passado assim, assim".
[37]
E a mulher foi assim: "Olha, não tem nada.
[38]
[pausa] Eu quero comer duas postas desse peixe.
[39]
O primeiro dia que fores ao mar, há-des-me trazer esse peixe".
[40]
O homezinho vai no dia adiante para o mar,
[41]
chegou ao mar,
[42]
trancou o peixe
[43]
[pausa] e o peixe foi assim: "Tu não me mates"!
[44]
E ele disse: "Não, vou-te matar, que a minha mulher quer comer duas postas de ti".
[45]
Ele disse: "Bem, tu vais-me matar,
[46]
mas tu vais fazer o que eu disser:
[47]
[pausa] vais dar duas postas à leoa, duas à égua,
[48]
e tua mulher vai comer duas,
[49]
e vais enterrar duas no cabo de baixo do balcão e duas fora da porta.
[50]
[pausa] E não te apa-, não enches mais Mas não apanhas mais peixe nenhum"!
[51]
Assim foi.
[52]
O homem veio para casa com o peixe,
[53]
e ele disse: "A tua mulher come ali perto do umbigo, as duas postas perto do umbigo".
[54]
Veio para casa,
[55]
o homem disse à mulher,
[56]
a mulher fez assim como o peixe disse:
[57]
duas no cabo de baixo do balcão, duas fora da porta da cozinha, duas à égua, duas ao leão
[58]
e comeu duas.
[59]
INF2 Isso ficou tudo grávido !
[60]
INF1 A cabo de tempos, ele vai,
[61]
a mulher a queixar-se para ter uma família; a leoa também a mesma coisa; o c- a égua a mesma coisa;
[62]
por baixo do balcão nasceu duas árvores;
[63]
fora da porta da cozinha, nasceu duas espadas;
[64]
e ela teve dois meninos.
[65]
Foram crescendo,
[66]
foram crescendo,
[67]
mas ninguém conhecia um do outro.
[68]
Isso!
[69]
Andavam vestidos de iguais;
[70]
o que tinham é que tinham uma pouca diferença,
[71]
mas era num dente , na frente.
[72]
O mais, a feição dum e doutro era a mesma coisa.
[73]
Quando chegaram a homens, arremediavam-se bem [pausa] nesse tempo,
[74]
[pausa] e pediram ao pai para dir correr terras.
[75]
O pai disse que sim.
[76]
O pai deu-lhe um leão, a cada um deles, um cavalo e a espada, cada um a sua espada.
[77]
E eles caminharam.
[78]
Foram andando muito longe
[79]
e quando vai, repartiram o caminho.
[80]
E ele vai E vai um
[81]
foi assim: "Olha, aqui dois caminhos.
[82]
Cada um de nós vai cada um seu caminho
[83]
e a fim de um ano, de hoje a um ano, nós vamos voltar aqui, para visitar nossos pais e as nossas mães".
[84]
Disseram logo que sim.
[85]
Ora, um caminhou,
[86]
apanhou trabalho, coitado,
[87]
foi trabalhando;
[88]
o outro foi até bater na casa dum rei.
[89]
Pediu poisada,
[90]
o rei deu-lhe,
[91]
e depois pediu para ser criado,
[92]
o rei deu-lhe,
[93]
meteu-o a trabalhar em jardins.
[94]
Mas o rei tinha uma filha
[95]
e o rapaz era muito bonito.
[96]
E a filha engraçava muito no [pausa] no criado.
[97]
E olhava para o criado;
[98]
e o criado com medo de o rei não o mandar matar, e desviava-se sempre dela
[99]
Tanto que um dia atentou, ela, e fala-lhe em na- em casamento a ele.
[100]
Ele disse logo que não; se o rei sabia que o matava.

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