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Bandeiras, excerto 22
Text: -
INF Tenho o meu colchão Molaflex, [pausa] já há um ano ou dois.
Que eu nunca tive, era a casquinha, lavada todos os Verães,
e lavava-se o colchãozinho.
Quando a gente agarrava aquilo tufadinho, era a frescura do mundo!
Mas agora então faz-se uma caminha muito fácil, porque então agora é o colchão Molaflex.
Casca de milho que a gente rachava-a e é que se metia dentro do colchão para a gente dormir.
INF Ai, e musgo, que ia para o mato se apanhar musgo para se meter dentro das almofadas e dentro dos dos colchões.
Mas o musgo, acabando meia dúzia de meses, dá em enovelar
Era penar para se abrir, para a gente poder dormir na caminha mole.
enovela muito, pois é uma erva – depois de seca…
INF E também se apanhava cabelinho;
num feto, apanhava-se cabelinho;
e depois a gente tirava aquele cabelinhozinho duma soca,
e enchia-se almofadas também para a gente dormir.
Mesmo quando era para bebés, era tudo…
Imitante assim um [vocalização] o bog-.
É um bogango, que a gente chama de bobine de seda.
parece imitante como um figo.
E a gente ia tirando aquele aqueles fiozinhos todos;
fica como como [vocalização] uma seda fina que era uma lindeza!
E a gente aí é que lhe metia nas travesseirinhas, para os bebés.
INF Agora já não se usa suja, porque agora é tudo esta [vocalização] esta espuma que se enche as almofadas.
INF E de penas de galinhas!
Aproveitava-se as penas das galinhas
INF Colchões, não senhora.
Era preciso ter muita galinha.
Risos Ele para as almofadas, leva-se às vezes um ano.
Quando se matava três ou quatro, se ia guardando para se encher uma!
INF Ai, ponho-lhe os meus bordados, ou umas rendinhas, ou uns bordadinhos.
INF Ah, isso é a minha [vocalização] fronha, que a gente enfia na almofada.
INF Pego nas minhas almofadas,
meto-as dentro do meu guarda-fato,
e pego no meu travesseiro de dia,
e ponho o meu travesseiro.
INF Ponho os meus lençóis,
ponho a minha colcha de lã,
ponho um cobrejão que faço com a minha mão,
depois ponho o meu travesseiro,
e depois boto a minha colcha de seda – para ficar a minha caminha feita –, e duas almofadinhas que tenho também de propósito ali em cima.
INF Olhe, é de bocados de saias, bocados de calças que a gente corta,
e depois, durante o Inverno, vou-me entretendo aos serõezinhos, deitando o meu pontozinho.
Chega-se lá mais para diante, um domingo ou um dia santo,
boto o meu forrinho por fo- por dentro de de um cretonezinho,
boto a sua vira de lãzinha por fora
E fica uma mancheia de centos poupados;
se fosse um cobertor nas lojas saía mais caro
e não me fazia tanto agasalho.
INF A colcha de seda depois.
INF Eu [pausa] Faço a cama,
e depois de fazer a minha cama, limpo o meu pó,
e depois de limpar o meu pó, varro a minha casa.
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