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Bandeiras, excerto 23

LocationBandeiras (Madalena, Horta)
SubjectA casa de habitação
Informant(s) Carina
SurveyALEPG
Survey year1979
Interviewer(s)Manuela Barros Ferreira
TranscriptionSandra Pereira
RevisionAna Maria Martins
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationSandra Pereira Márcia Bolrinha
LemmatizationMárcia Bolrinha

Text: -


[1]
INF Ponho a minha Ponho as minhas linguiças, quando mato o meu porquinho,
[2]
ponho as morcelas e a.
[3]
INF Ali mesmo.
[4]
É tudo ali do fumeiro.
[5]
E quem deixe
[6]
Também eu deixo cheguei a deixar orelha de porco e e [pausa]
[7]
INF assim umas peles.
[8]
Depois a gente acabante de dias, tira-se, que aquilo fica enxutinho e vermelhinho
[9]
e a gente faz uma molha, [pausa] para se ir comendo.
[10]
[pausa] Fica aquela geleia muito bem feita depois.
[11]
A gente vai
[12]
e bota-se dentro duma tigela ou dum ou dum pírex,
[13]
e a gente depois vai tirando um bocadinho,
[14]
vai-se aquecendo
[15]
e vai-se usando.
[16]
INF É mesmo no lume.
[17]
A gente, naquele tempo, fazia era num caldeirão,
[18]
mas agora é em tachos.
[19]
INF Pom- Pomos a orelha,
[20]
pomos o ,
[21]
[pausa] pomos disso que queremos deitar dentro, [pausa] do porco.
[22]
E depois deita-se uma uma cebolinha, um alhinho, uma folhinha de louro, uma jamaica, um pauzinho de canela, com a sua gotinha de água;
[23]
e aquilo ferve
[24]
e a gente depois vai provando;
[25]
assim que está no seu tempero e está cozidinho, a gente tira para o lado;
[26]
deita-se dentro ou da tigela, como eu estou dizendo à senhora, ou do pírex;
[27]
e depois vamos tirando assim um bocadinho
[28]
e é que se vai deitando ou numa sertã ou na ou num tachinho, para se ir aquecendo e se ir comendo.
[29]
INF É,
[30]
aque-.
[31]
Não senhora.
[32]
A gente aquece.
[33]
Para se comer depois com côcos, um bocado de massa grossa.
[34]
INF Não, eu não posso dizer inhames.
[35]
Que eu para dizer i-
[36]
INF Não.
[37]
Porque ele a fresca a fresca da Carmina foi mais o pai para o mato
[38]
e disse assim: "Eu fui hoje ao mato mais o meu pai buscar uma carrada de inhames".
[39]
Dali a bocado, continuou a falar com as pessoas
[40]
e foi depressa: "Ainda agora estou acabando de rapar um caldeirão de côcos e pôr no lume".
[41]
Para quê então dizer inhames duma vez e côcos doutra?!
[42]
Pois se estou habituada a dizer côcos mais, o meu forte passa por côcos.
[43]
INF É, sim senhora.
[44]
INF O caldeirão é mesmo assim.
[45]
INF É o caldeirão.
[46]
INF Ainda tenho dois.
[47]
INF Tenho um onde derreto o meu porco
[48]
e tenho outro,
[49]
cozo cozo couves e cascas para as galinhas.
[50]
Ainda tenho dois caldeirães!
[51]
não é qualquer um que tem um caldeirão.
[52]
INF É porque não gostam, porque o fazer da comida agora dentro do caldeirão, vai um cheiro a fumo, sendo na grelha;
[53]
e o caldeirão não se pode pôr no fogão, porque é muito grosso, gasta muito gás;
[54]
e mesmo, tem os pezinhos,
[55]
não assenta bem no no fogão.
[56]
Tem que ser é na grelha, o caldeirão.
[57]
Na hora da comida não é tanto saborosa!

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