Representação em frases

Camacha, excerto 11

LocalidadeCamacha (Porto Santo, Funchal)
AssuntoO porco e a matança
Informante(s) Acidália Aarão Hipérides

Texto: -


[1]
INF1 Chega-se ao Natal, oito dias antes do Natal, quinze dias antes do Natal
[2]
INF1 É o dia da morte do porco.
[3]
INF1 Amassa-se o nosso pão.
[4]
Quem tem pão, farinha de casa.
[5]
Amassa-se o nosso pão,
[6]
põe-se o nosso pão, dum dia para outro, preparado.
[7]
Ti- Quem tem vinho tira dois, três garrafões de vinho,
[8]
põe ali
[9]
INF1 E o que é que se faz?
[10]
Às vezes
[11]
INF1 Vem matar o porco, se sabe
[12]
INF2 Matador.
[13]
INF1 É o matador [pausa] é o matador.
[14]
Faz-se, olhe, faz-se o nosso comer, ou o nosso almoço
[15]
Quando o porco é morto de manhã, [pausa] faz-se almoço de [vocalização] às vezes de peixe, que é por causa de na parte da tarde ser o sarapatel, [pausa] da fressura do porco.
[16]
E quando é na parte da tarde, é espera-se que eles abram o porco e tire tirem a fressura como a gente lhe chama ,
[17]
temos o sangue a escaldar, [pausa] para [vocalização] esfarelar, para deitar naquele guisado
[18]
e depois está o guisado pronto.
[19]
[pausa] Põe-se tudo na mesa, com semilha, com cenoura, com a
[20]
INF1 Abre-se o curral,
[21]
eles pegam com uma cordinha,
[22]
uns quatro ou cinco homens deitam o porco no chão e [vocalização] [pausa]
[23]
E vai,
[24]
ele vai.
[25]
O matador mata.
[26]
INF3 E pronto e mata-se.
[27]
INF2 Mas até é engraçado.
[28]
INF1 Agarram nas pernas,
[29]
agarram no rabo e
[30]
INF1 O sangue?
[31]
É qualquer uma rapariga que [vocalização] não tenha [vocalização] , ou rapaz, que não tenha medo!
[32]
INF2 Rapariga ou rapaz!
[33]
INF2 Uma vasilhinha qualquer.
[34]
INF3 Uma banheira.
[35]
INF1 Leva uma banheirinha.
[36]
E chega a dentro de casa,
[37]
a gente faz-lhe uma cruz, naquele sangue,
[38]
aquilo faz um
[39]
INF1 Uma banheira sem nada dentro.
[40]
INF1 Nada.
[41]
chega-se a dentro de casa,
[42]
faz-se [pausa] uma cruz naquele sangue,
[43]
aquele sangue parte,
[44]
fica em quatro quartos
[45]
e depois descansa um pedacinho;
[46]
deita-se,
[47]
aquece-se a água na panela
[48]
e deita-se a água dentro da panela ,
[49]
[pausa] deita-se aquilo dentro da panela,
[50]
aquilo coze;
[51]
depois esfarela-se, noutra vasilhinha [vocalização], fora, noutra banheirinha
[52]
e depois quando [vocalização] a fressura [vocalização] também [vocalização] vem do porco [pausa] é deitada dentro da panela para escaldar.
[53]
Depois é tirada,
[54]
dá-se-lhe um banho em água fria para arrefecer, para a gente cortar tudo aos bocadinhos e [vocalização] cozer com cenoura, com semilha ou com tomate ou
[55]
INF1 Isso é que é o sarapatel.
[56]
[pausa] É um jantar.

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