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Tanque, excerto 22

LocalidadeTanque (Porto Santo, Funchal)
AssuntoO moinho, a farinha e a panificação
Informante(s) Abdão

Text: -


[1]
INF É [vocalização],
[2]
tem o mastro.
[3]
INF Depois, [pausa] as [pausa] os paus, chama-se a gente, chama-se aqui é as guinas.
[4]
INF É as É as guinas do moinho, [pausa] que é o que se mete no mastro para pôr o pano [pausa] e os estais e o cerco e etc.
[5]
INF Os estais é um [vocalização] , é o que aguenta, para a para o pau não partir,
[6]
vai à ponta do mastro,
[7]
INF leva um arame de cima em baixo, porque se não fosse isso, desabava como um chapéu-de-sol.
[8]
E depois tem, que é uma defesa para aquilo não fechar.
[9]
Sim senhor.
[10]
INF Andava de roda.
[11]
INF A casa toda.
[12]
INF Tinha quatro rodas [pausa] ,
[13]
tinha um pião a meio chamava-se o pião [pausa]
[14]
tinha uma grande pedra, que tem o patamal, que é a muralha de pedra a gente chama-se aqui um patamal [pausa] .
[15]
A meio daquela [vocalização] muralha de rocha [pausa] chama-se o patamal levava uma pedra muito grande
[16]
e tinha um furo.
[17]
Levava um veio, [pausa] que entrava dentro da casa do moinho
[18]
[pausa] e levava assim uma casinha coisinha atravessada porque [pausa] por causa do moinho não sair fora do seu lugar.
[19]
Andava ali naquele arredor, ali, sempre num, num, na.
[20]
INF Era com a Era:
[21]
tinha uma barra
[22]
[pausa] e fazia esforço [pausa] na roda [pausa] da frente para ele andar de roda.
[23]
Conforme o vento ia, a gente tinha que andar a [pausa] dar andar a dar sempre a frente o lugar dos panos ao vento.
[24]
INF Ah, havia moinhos
[25]
mas isso era diferente.
[26]
Quer dizer, a casa era toda de parede,
[27]
[pausa] em cima tinha um chapéu, [pausa] que é onde tinha o velame e [vocalização] o chapéu!
[28]
e tinha umas rodas dentro [pausa] ,
[29]
que as rodas en- entrava dentro dumas calhas de pedra, que tinha dentro e ele por dentro tinha [pausa] como um cabrestante.
[30]
INF Era o cabrestante, não é?
[31]
INF Andava com as quilhas de roda
[32]
e tinha um cabo, [pausa] que pegava, que fazia aquilo andar de roda.
[33]
Mas era o chapéu, por cima.
[34]
INF O chapéu.
[35]
Era o tecto,
[36]
é o tecto.
[37]
INF A gente chamava-lhe o tecto [vocalização] porque [vocalização], o [vocalização] geral, que era o tecto o tecto duma casa é o que fica por cima.
[38]
A gente chamava era o tecto do moinho.
[39]
INF Não senhora.
[40]
[vocalização] Claro que [vocalização] andava era [vocalização] o tecto [pausa] e [vocalização] .
[41]
INF O meu era a casa inteira.
[42]
INF Sim senhora.
[43]
O meu e os outros, claro.
[44]
INF De pedra, aqui, no Porto Santo
[45]
INF Do campo.
[46]
INF Chama-se o cabeço.
[47]
Em cima, no no cabeço.
[48]
INF Tem, sim senhora, tem.
[49]
INF Tem, sim senhora.
[50]
INF Havia mais um.
[51]
INF O mais eram todos iguais, sim senhora.
[52]
Olhe, tenho aqui a fotografia [pausa] .
[53]
Faz favor.
[54]
INF Está aqui.
[55]
INF O direito é dizer as guinas do moinho.
[56]
INF Às vezes, pessoas que, às vezes, em conversa: "Ah, tu és um patamal"!, querendo dizer que o patamal nem se-,
[57]
mas o patamal é uma coisa que tem serviço!
[58]
INF Por dentro, tem roda,
[59]
tem carrete,
[60]
tem moega.
[61]
Olhe, a moega é esta.
[62]
[pausa] Está caindo dentro da moenda.

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