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Porto de Vacas, excerto 20

LocalidadePorto de Vacas (Pampilhosa da Serra, Coimbra)
AssuntoO linho, a lã e o tear
Informante(s) Casimira Catarina

Text: -


[1]
INF1 Para sair a palha, a que não prestava, assim para o chão.
[2]
INF1 [vocalização] Ele era o esterco assim que saía do linho .
[3]
INF2 Mas, a tascar?
[4]
INF1 Sim, no fim de o tascar.
[5]
INF1 Primeiro era tascado;
[6]
depois [pausa] era maçado.
[7]
INF1 Era mi- Era eu.
[8]
Eu e às vezes
[9]
INF2 Tascava.
[10]
Era a tasca.
[11]
INF1 Ai, a tasca.
[12]
Então era a tasca.
[13]
INF1 Era a tasca.
[14]
Onde era desca- arranjado era a tasca.
[15]
E era então as espadanas.
[16]
A espadana, também ainda tenho uma uma espadana.
[17]
INF1 [vocalização] A espadana era para tirar essa [vocalização] palha miudinha, miudinha.
[18]
INF2 A aresta!
[19]
INF1 A aresta, sim.
[20]
A aresta.
[21]
Pois é, para tirar a aresta do linho.
[22]
INF1 Eu espadanava de cima dum cortiço das abelhas.
[23]
Num cortiço das abelhas é que a gente espadanava.
[24]
INF1 E depois agora, ele levava
[25]
INF1 levava muita volta, assim para esse para quem o punha em pano.
[26]
INF2 Fiava-o
[27]
INF2 Fiava-o;
[28]
depois ele depois dobava-o num argadilho
[29]
INF1 No argadilho e depois era na dobadoura.
[30]
INF2 No fim, as meadas é quando i- é quando iam para para, para corar
[31]
INF1 Pois,
[32]
é que as meadas eram cozidas no forno com borralho.
[33]
INF1 Pois era.
[34]
INF1 Sim senhora.
[35]
Pois é,
[36]
ele é verdade.
[37]
INF2 Primeiro semeava-o.
[38]
INF1 Sim.
[39]
INF2 Depois mergulhava-o na água para o, para o linho na- para o linho tomar a [vocalização] muito tempo na água.
[40]
INF1 Curtir.
[41]
Para se curtir.
[42]
INF2 Curtir.
[43]
No fim de se curtir, tirava-se,
[44]
secava-se;
[45]
no fim de seco é que se tascava;
[46]
no fim de se tascar é que se espadanava.
[47]
INF1 Dava muita volta!
[48]
INF2 E a No fim de espadanado era é que era [vocalização]
[49]
Como é que isso era?
[50]
Como é que é que vossemecê disse?
[51]
O sedeiro, sedei- sedeiro,
[52]
que era para tirar a estofa a estopa do linho.
[53]
INF1 Era, sim.
[54]
Tirava a estopa primeiro que era para o linho
[55]
Fazia a gente
[56]
INF1 No sedeiro.
[57]
INF1 Então, no sedeiro era era sempre assim,
[58]
que usava essa, e era no sedeiro.
[59]
INF2 Era a ripar.
[60]
INF1 A ripar, era.
[61]
INF2 A ripar
[62]
e depois ficava aquele aquele linho a luzir,
[63]
aquela que aquilo era depois [vocalização] era que fazia estrigas.
[64]
INF1 Era molhado.
[65]
INF2 Chamavam elas [pausa] as estrigas.
[66]
Faziam uma trancinha no no linho,
[67]
faziam uma trancinha
[68]
e depois aquelas trancinhas é que era mesmo o linho
[69]
INF2 verdadeiro.
[70]
Depois ainda tra- ainda se tirava mais duas qualidades de linho:
[71]
que era a estopa fina e a estopa grossa.
[72]
Aquilo aquilo ainda ainda tornavam a
[73]
Aquela que saía de, mesmo, do, do quando estavam a ripar para o linho, para fazer aquelas trancinhas, era a estopa fina,
[74]
INF2 que a faziam para os lençóis de f- de estopa fina.
[75]
Depois ainda tiravam outra grossa que ia para as cobertas da da azeitona.
[76]
INF1 Pois é,
[77]
pois é, sim senhora.
[78]
Com ou algodão
[79]
INF2 E depois é [vocalização]
[80]
INF1 Pois era, sim senhora.
[81]
Eu fazia muitas.
[82]
INF2 Em uma, eu nunca aprendi a [vocalização] f- a fiar mesmo na roca,
[83]
mas a minha m- minha mãe
[84]
INF2 [vocalização] fiava, de- desde que o criava até que o punha em pano.
[85]
Mas eu, eu também nunca soube fiar.
[86]
INF2 O meu avô ainda me fez uma roca.
[87]
Quando eu era pequenita, ainda me fez uma roca para eu fiar,
[88]
mas eu nunca nunca aprendi.
[89]
Nunca aprendi a fiar.
[90]
INF2 Mas a minha mãe é que sabia bem tudo.
[91]
INF1 É verdade.
[92]
INF2 Sabia fazer tapetes,
[93]
sabia fazer mantas, lençóis, tudo, passadeiras, tudo!
[94]
Ela fazia de tudo, tudo, tudo!

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