Representação em frases

Porto de Vacas, excerto 22

LocalidadePorto de Vacas (Pampilhosa da Serra, Coimbra)
AssuntoO lenhador e o forno de carvão
Informante(s) Cátia Carminda

Texto: -


[1]
INF1 Não,
[2]
nós ao
[3]
INF1 O ribeirinho é a flor branca e aquele não.
[4]
Tem a f-
[5]
INF1 É a flor verme- assim avermelhada.
[6]
INF1 Avermelhada.
[7]
INF1 E tem assim, tem assim um pa Tem assim pauzinhos;
[8]
a torga é a que chamam o mato torgueiro.
[9]
INF1 Pois,
[10]
esse, a mag-, é esse diferente.
[11]
INF1 Mas [pausa] esse é daq-, da, da donde tiram as torgas.
[12]
INF1 Torga.
[13]
A torga que, que é o que é
[14]
INF1 Que era para fazer carvão.
[15]
Em primeiro, quando não havia assim tanto gás, vendia-se muito,
[16]
[vocalização] andavam muito,
[17]
faziam muito carvão, que era para mor de [vocalização]
[18]
[vocalização] Ele até vinham de longe os carvoeiros, [vocalização] com com burros, machos, [vocalização] a levar o carvão, que era para para se aquecerem em sítios não é? que não havia
[19]
Em primeiro não havia gás,
[20]
não havia tanto tantas coisas para para se aquecerem
[21]
Aquilo é para se aquecerem.
[22]
INF2 O lume com o carvão?
[23]
INF1 Faziam-no.
[24]
INF1 também.
[25]
também.
[26]
[vocalização] 'Acaria-se' muito mato de torga.
[27]
.
[28]
INF1 Mesmo para fazer carvão.
[29]
INF1 Eu, não senhora.
[30]
Eu não o fazia.
[31]
INF1 Não.
[32]
Nem o meu marido também não.
[33]
Também
[34]
Nós tínhamos lenha de pinheiros assim le-
[35]
INF1 A gente tem lenha de pinheiro.
[36]
Mas para sítios para terras que não tinham que não tinham lenha, levavam ou acartavam o carvão para se aquecerem com ele.
[37]
INF1 O carvão faziam-no [vocalização]
[38]
Sim,
[39]
eu não o fazia,
[40]
mas via-o em sítios onde o faziam.
[41]
Arrancavam as torgas
[42]
e faziam ali assim uma poça grande na terra uma poça muito grande ,
[43]
e depois queimavam ali as torgas,
[44]
e depois ao fim de se elas apagarem
[45]
INF2 Botavam-lhe água para as ap- apagar.
[46]
INF1 [vocalização] Botavam-nas assim espalhadas
[47]
e depois [vocalização] acartavam-nas, às sacas, nos nos burros e machos e cavalos.
[48]
INF1 Tapavam-no sim.
[49]
Quan- Quando acabavam, tapavam que era para mor de se apagarem e para não para o carvão não ficar assim derretido, para não ficar assim desfeito.
[50]
INF1 E ele havia
[51]
A gente via por esses matos fora,
[52]
mesmo em sítios que havia muita torga, via-se muito aquelas aquelas poças.
[53]
INF2 A fumegar, [pausa] aquelas poças.
[54]
INF1 Aquelas poças.
[55]
Aqui essas naquelas serras ali de vossemecês não sabem , [vocalização] ali de Bogas, em primeiro, nós tínhamos fazendas ali de à beira do rio,
[56]
e víamos passar os carvoeiros, por mor de ir buscar o carvão, assim para o lume.
[57]
Andavam uns homens a fazê-lo
[58]
e vendiam-no àqueles que vinham buscar o carvão com os machos.
[59]
INF1 Era com machos e mulas a acartar.
[60]
INF1 E cantavam muito quando vinham a cavalo, pelas aquelas serras abaixo.
[61]
Cantavam muito!
[62]
Ainda não havia assim [vocalização] as estradas assim boas, para para irem;
[63]
ainda não havia os carros;
[64]
não passavam os carros naquela estradas;
[65]
era com machos e e com com, com
[66]
INF1 [vocalização] Pois, [vocalização] para acartar as fa-
[67]
INF1 Não, era com
[68]
INF1 Era Era mesmo com, com assim com com cangalhas na, na a carregar assim as sacas, [vocalização] de cima dos machos.
[69]
INF1 E eles aquando vinham sem nada, que vinham andando, [pausa] fartavam-se de cantar.
[70]
INF1 A gente dizíamos: "Olha, vêm os carvoeiros"!
[71]
INF1 Ele ouvíamos assim a cantar
[72]
Até eu cantava muito!
[73]
Havia aqui uma uma festa, aqui para cima, que cha-, que chamavam que era a Senhora da Póvoa;
[74]
e a santinha era a Senhora
[75]
da Póvoa e eles cantavam muito!
[76]
Deixavam assim um rabo para trás,
[77]
cantavam muito a Nossa Senhora da Póvoa aqui!
[78]
INF1 Eu, eu não.
[79]
Eu não.
[80]
Eu ouvia-os a cantar,
[81]
mas eu não o sabia.
[82]
INF1 Não.
[83]
Não, não cantava.

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