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Porto de Vacas, excerto 24
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INF1 E os sapateiros que vinham que vinham fazer calçado.
ele parece-me que tinha havia sapateiros que vinham fazer cá o calçado da ge- à gente, [pausa] a casa.
E a gente também, com aquela luz, tinha ela ali acesa quando é de Inverno
E até servia para muita coisa.
INF1 Pois, a gente, na naquela altura, a gente chamava-os…
Porque ele havia [vocalização] uns que sabiam bem fazer calçado…
Os, os A gente, [vocalização] aqui nestas terras em volta ele eram conhecidos …
E até aqui de Janeiro de Cima, ali de daquela terra ali que fica ali [vocalização], logo próxima aqui à nossa,
[vocalização] mas só que aquilo é uma freguesia do concelho do Fundão.
Já é do concelho do Fundão.
Fica ali logo perto donde donde esgota a água aqui da barragem.
INF2 Naquele tempo, a minha mãe a minha mãe chegou a ir a à Covilhã a pé [pausa] e descalça.
INF1 E descalça, sem levar calçado nenhum!
INF2 Ainda fez u- Ainda fez uma viagem à Covilhã descalça, daqui à Covilhã sem sem…
Não era agora como é que está [vocalização] as estradas alcatroadas que está.
INF1 [vocalização] Eu comecei lá a ir…
INF1 Ainda era pequenita, ainda.
Não havia onde ganhar dinheiro.
INF1 A gente [vocalização] tinha muitas galinhas e [vocalização] frangos – criava frangos –,
levava-as – carregos de de ovos, e de de frangos assim de cima dos ovos…
Ajuntavam-se assim até destas terras em volta,
quando era aí por aí cima, por essas terras por aí cima, já era [vocalização] uma ranchoada que eu sei lá.
ajuntavam-se [vocalização] lá no ca- no caminho por aí cima e…
[vocalização] a praça é [vocalização] ao domingo é que lá se vendia;
e vínhamos à segunda-feira.
Daqui para a Covilhã é muito longe!
INF1 Levávamos numa cesta grande, numa cesta grande à cabeça.
INF2 A Covilhã é m- é mesmo antes de chegar à Serra de Estrela.
INF1 É logo, é logo quase É logo…
INF1 Fica Fica a Serra de Estrela aqui assim,
de Estrela e nós andávamos de volta daqui, por de volta da da serra –
e a estrada seguia então para a Covilhã.
Estava ali uma terra que era o Tortosendo – que lá está –
e [vocalização] era onde a onde a gente ia dormir o dia que ia;
e do outro dia, alevantava-se ainda de noite,
e ainda eram – diziam – léguas.
[vocalização] Diziam que era que era uma légua de, de, da Co- do Tortosendo para a Covilhã;
na altura, diziam que e- que eram oito léguas daqui para para a Covilhã.
INF1 E a gente ia a pé, [vocalização] a pé e [vocalização] com um carregão para cima e outro para baixo.
Naquele tempo, era um tempo terrível,
não havia nada onde se ganhasse…
INF1 Então comprava a gente muitas coisas lá, que era tudo mais em conta lá que era por cá,
e mesmo víamos aqui as terras em volta que não tinham…
Não havia que vender como há agora.
INF1 Não tinham nada que vender.
A gente trazia mercearias,
trazia trazia [vocalização] muitas coisas até…
INF2 Até louça para vender depois cá.
INF1 Até louça e até até se cá vendia.
E [vocalização] E havia pessoas assim que nos vendiam os ovos, [vocalização] também nos encomendavam coisas para a gente lhe trazer,
Não chamavam pelo nome da gente, então?!
e a gente tinha-as ali na praça,
estava ali na praça assim em fileira, todas [vocalização] – eu e muitas –, [vocalização] daí dum lado e do outro, e dessas terras em volta;
e [vocalização] vendíamos,
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