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Serpa, excerto 8
Text: -
No, no, no No alqueve só se passa apenas uma vez.
Quer dizer, passa uma vez para fazer o risco.
E depois já se sabe que tem que ir fazendo com travesso para tapar.
INF [vocalização] A semeação.
Que é a semeação de de mão, de semear a semente – ouviu?–
e é a outra que andamos lavrando, ali.
Mas é que a gente já não diz assim: "Andamos lavrando".
Só se ch- Só se chama o lavrar [pausa] quando é voltar a terra e não está lá semente.
E se anda semeando, diz assim: "Então onde,onde é onde é que tens a tua lavoura"?
"Olha, a lavoura é em tal parte".
Diz-se: "Andam semeando".
[vocalização] "E quantos arados trazes lá?
[pausa] Quantos arados trazes"?
"Tenho lá cinco arados [pausa] semeando".
[pausa] "Quando é que acabas"?
e a terra tem que voltar aqui
e tem que ir sempre encostando.
E a terra que vai ficando a este lado chama-se uma margem.
INF Para cima, é uma margem.
INF Há um que vai ao rego.
Chamava-lhe a gente àquilo uma loba.
INF Voltar atrás novamente com o animal,
tinha que trazer de volta
e depois tinha que novamente cortar, passar…
Se o Se aquele rego estava feito aqui, ficava este quadradinho – suponhamos que era esta loba –,
já o homem tinha que fazer duas vezes, passar aqui para encostar, para fazer a margem seguida.
Porque depois atrás vinha o encarregado, que andava a ver, diz assim: "Então, já deixaste além uma loba".
Que a essa loba chama-se depois a terra crua.
Porque a terra crua, a semente ficava ali em cima, vinha a bichareza, comia.
E se ficasse com pouca terra em cima, a raiz ficava na terra que estava crua – ouviu? – e a raiz não gerava e a planta não se criava.
E depois da se- a seara começava a crescer
e ficava assim aquelas manchas na seara, tal e qual como está estas nodinhas aqui nesta mesa.
E então, vá, a gente, muitas das vezes, como se calhou, como eu, como outros… uma pessoa às vezes fica lá:
[vocalização] E eu: "Homessa"!
Depois começavam os outros companheiros: "Eh, fulano"!… [vocalização] a zangarem, a dar ferro à gente, para coisa…
"Eh, fizeste isso mal feito.
A dar aquele ferro à gente, para se zangar.
Porque depois, se não vir, mais tarde, representa-se o patrão – a passear a terra, quando vê a seara nascida e tal, vão vendo –, vão a passear a terra com o encarregado, vão passeando, passo a passo, vão passeando…
Onde quer que houver esta tal dita loba que fique, que a semente não esteja voltada…
Porque a semente caiu em cima deste assento de terra, mas essa dita terra tem que ser toda arrancada ao contrário.
Tem de ficar toda em cima.
Se cair terra daqui para aqui, e esta terra não ficar voltada assim, a semente não se cria bem.
E assim, se a terra está aqui, o tal dito charrueco passou aqui, voltou este rego ao contrário.
Se voltou aqui e a semente ficou no mesmo sítio, a semente não foi mexida, a semente ali é conhecida sempre.
Estás a ver aqui onde a terra ficou crua"?
Depois já já não é nome de loba.
Só é nome de loba quando se está lavrando.
E depois de de se voltar as costas, que eles vão ver, já não se chama já não se chama loba.
Tanto ficou crua que a semente [vocalização] não se cria;
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