Representação em frases

Serpa, excerto 35

LocalidadeSerpa (Serpa, Beja)
AssuntoOs barcos e a pesca
Informante(s) Aristómaco

Texto: -

[1]
INF Estão à pesca de anzol.
[2]
Chama-se aquilo uma cibela.
[3]
E têm a [vocalização] a cana na mão.
[4]
INF E o anzol está na ponta da roca.
[5]
INF Que Aqui é a roca, tem o anzol, depois tem o fio [pausa] e que vem à cana.
[6]
INF O [vocalização] O que se põe?
[7]
Põe-se uma minhoca.
[8]
INF Uma minhoca.
[9]
É mesmo o nome: uma minhoca.
[10]
Que são uns bichinhos [pausa] assim desta grossura [pausa]
[11]
INF que se criam debaixo da terra.
[12]
INF Pode-se pôr, perfeitamente,
[13]
mas aquilo é o que está mais mais apropriado, que a bichareza aboquenta mais –
[14]
ou então, [vocalização] o peixe pequeno.
[15]
INF O que se chama, então, isso [vocalização] o que se chama é o seguinte.
[16]
A gente: "Tu, do que é que estás estás pescando, pá"?
[17]
"Ando aqui à pesca".
[18]
"E então o que é que pusestes [pausa] na cibela" –
[19]
ouviu?
[20]
"Bom, pus daqueles peixes pequenos".
[21]
Pois.
[22]
Ou pus ou Ou: "Pus uma minhoca".
[23]
Que assim é a resposta.
[24]
INF Pois.
[25]
Mas o peixe pequeno, geralmente quem põe isso – que lhe aquilo dá muito trabalho – é o o pescador, aquele que é pesc- pescador que pesca de rede, que tem umas redes apropriadas miudinhas,
[26]
e apanham aquele peixe assim, mais ou menos, deste tamanho,
[27]
[vocalização] e depois tiram uma quantidade deles que lhe faz falta para porem nos anzóis…
[28]
INF E ao Para porem nos anzóis.
[29]
E depois o resto, deitam-nos para para a água.
[30]
E cada vez que querem queiram queira, apanham uns quantos e ficam…
[31]
Agora para quem vai [pausa] com um um dia, para passar o tempo, que é um seporte [pausa] passar por para um rio, chegou ali, levou o tal dito sacho, rhum?…
[32]
INF Um sacho.
[33]
Levou um sachozinho na mão – cá está o tal dito sacho, a ferramenta que está aí –,
[34]
levou um sachozinho,
[35]
chegou ali a umas nas areias, rente rumo até junto além àquelas [pausa] à água, que é onde há muito disso,
[36]
e cavou até que descobre uma minhoca ou duas
[37]
e pôs ali a minhoca [vocalização] e pronto.
[38]
Apanhou logo umas quantas.
[39]
Leva uma latinha [pausa] ou qualquer uma vasilha, uma vasilhinha qualquer [pausa] – suferiores –, assim uma caixa [pausa] de papelão, qualquer coisa.
[40]
Põe uma coisinha de areia
[41]
e põe ali a minhoca.
[42]
Para cada vez [pausa] que deita aquilo fora…
[43]
Que muitas das vezes há aqueles peixes pequerrichitos – hem!? – e vão, comem a minhoca.
[44]
E o grande – já vêem –, não encontrando nada, já não não come.
[45]
Já não vai porque encontra o [vocalização] arame – aquilo é um arame – e então já não pica.
[46]
E eles, volta e meia, têm que puxar aquilo para fora para ver [pausa] se verdadeiramente tem a minhoca ou não tem.
[47]
Porque muitas vezes aqueles pequenos comem-os, e depois se é o caso que comem, têm que pôr [vocalização], ou tornar a pôr, outra.
[48]
E se há um peixe grande que vai, que engole aquilo, [pausa] dá logo sinal.
[49]
Porque eles têm uma bolha – chamam-lhe eles uma bolhazinha de cortiça – que está cá no fio e desde que apanha um peixe grande, o peixe faz força e aquela bolhazinha de cortiça mete-se debaixo de água.
[50]
Em eles vendo meter a cortiça debaixo de água, já sabem que há lá peixe preso.
[51]
Pois.
[52]
E então, começam a enrolar a roca.
[53]
É uma roca que tem uma manivelazinha,
[54]
começam a enrolar
[55]
e depois a linha, aquele dito fio é propriamente é uma linha.
[56]
Antes era fio [pausa] de carreto;
[57]
e agora é u- é uma linha de laine .
[58]
Agora é o laine.
[59]
Pois.
[60]
É uma linha de laine ,
[61]
que eles já vendem isso apropriado.
[62]
INF De laine.
[63]
[pausa] Laine.
[64]
Linha de laine.

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