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Santo Espírito, excerto 4

LocationSanto Espírito (Vila do Porto, Ponta Delgada)
SubjectOfícios, profissões e outras actividades
Informant(s) Isaltina Isménia
SurveyALEPG
Survey year1979
Interviewer(s)Gabriela Vitorino
TranscriptionSandra Pereira
RevisionAna Maria Martins
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationMélanie Pereira
LemmatizationDiana Reis

Text: -


[1]
INF1 Ai, era.
[2]
Chamava-se palmatória.
[3]
INF1 Palmatória.
[4]
INF1 Era uma vela.
[5]
Mas, nalgum tempo era um triste meio de iluminação, mesmo! , [vocalização] faziam sebo.
[6]
Com sebo de reses ou carneiro, derretiam.
[7]
E depois tinham umas veleiras, umas uns canudos de de lata, as veleiras, como se chamavam.
[8]
E depois derretiam aquele sebo,
[9]
botavam aquelas velas amarradinhas assim com um paviozinho no meio dentro dum em água, numa infusa assim em que entrasse assim por cima aquelas velas,
[10]
e iam enchendo de sebo.
[11]
Aquilo talhava
[12]
e aquilo é que era era a iluminação.
[13]
INF1 Era Era um pavio da, da de torcida de algodão,
[14]
torcer ali fios de algodão
[15]
e faziam o pavio.
[16]
INF1 E [vocalização] E muitas vezes era derreter o sebo.
[17]
Isso é que é bolo de sebo.
[18]
E com um testo de, um testo
[19]
INF1 Sim senhor.
[20]
Botava-se a bolada da daquele sebo,
[21]
e com uma torcida de de trapo, dum pano branco, ia-se, ia-se acolá, ia-se acolá ia enrolando numa mesa qualquer onde a gente estava
[22]
E outras vezes era com azeite de cagarro.
[23]
INF1 De cagarro.
[24]
O meu marido quando chegava-se o mês de Agosto, Setembro e Outubro, a sua vida era ir para as rochas,
[25]
que eu então temia daquilo!
[26]
E ele trazia ali um avianço de cagarros!
[27]
A gente até chegava a casa,
[28]
deit- depenava-os todos.
[29]
f- Depenava-os
[30]
e depois deitávamos assim num remendinho, com palha de restolho de dos trigos por cima,
[31]
fogueavam-se,
[32]
tornavam-se a virar,
[33]
do outro lado tornavam-se a foguear.
[34]
Depois, quando fo- depois de fogueados, varria-se com uma vassoirinha.
[35]
Tirava-se aquele azeite, tudo,
[36]
ia-se tirando todo aquele azeite todo para uma
[37]
INF1 Pois aquela pele tem o azeite do cagarro.
[38]
INF1 E depois aq- aquele azeite é derretido numa caldeira, ou numa panela, ou coisa, grande,
[39]
e a gente a vai
[40]
Ele quase todos os anos a gente arranjava seis canadas de de azeite de cagarro.
[41]
Aquilo é !
[42]
Vai-se alumiar alumiar a fazer as nossas camisolas, de fiar ;
[43]
a gente era sempre alumiava-se era com aquilo.
[44]
INF1 A gente morava na Castelhana.
[45]
Eu não sei
[46]
Aquele era um pobre meio de iluminação.
[47]
E quando não era aquilo, que a gente tinha aquilo, não era com um candeeiro.
[48]
Era esses candeeiros de
[49]
INF1 Era com uma grisetazinha
[50]
os latoeiros 'fazem-a' [vocalização] de lata
[51]
e com aquilo tão pequenino a gente fazia camisolas,
[52]
fazíamos [pausa] tudo,
[53]
INF1 fiar , e remendar, e fazer fiar estopa, fiar linho e essas coisas.

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