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Santa Justa, excerto 3
Text: -
INF Então, olhe, mata-se o porco.
Cá na nossa terra é assim.
Cada ca- Cada terra tem o seu feitio, não é?
INF Há pessoas que matam à véspera,
deixam os porcos pendurados…
INF Para eles sangrarem, não é?
E depois no outro dia é que os vão abrir, é que os vão [pausa] desfachinar e sal- e salgá-los.
A gente aqui matamos o porco agora de manhã,
[pausa] musga-se o porco.
Eu eu ainda nunca fiz com maçarico.
A gente cá é com carqueja.
A gente cá A gente cá é com carqueja.
Musgamos o porco com a carqueja,
INF Com umas raspadeiras.
INF Com umas raspadeirazinhas.
Depois lava-se os porcos muito bem lavadinhos, muito bem lavadinhos.
[pausa] Depois abrem-se [pausa] ao meio,
Depois tira-se as tripas,
tira-se o osso do peito, a língua, o fígado [pausa] e o coração.
[vocalização] Lava-se tudo bem lavadinho,
põe-se dentro dum alguidarinho,
as mulheres vão para o rio a lavá-las.
[pausa] E as outras pessoas ficam cá a abrir o porco todo, desfachinar tudo.
Parte-se tudo aos bocaditos, tudo aos bocadinhos, tudo aos bocadinhos.
[pausa] Depois parte-se aos bocados,
miga-se a carne com duas facas bem migadinha, bem migadinha, em cima das bancas, bem migadinha – dois homens ou esses que souberem, não é? – bem migadinha, bem migadinha.
Põe-se dentro dos alguidares com alho, e pimentão, e sal, e água.
Uma pinguinha de água, não muita.
Depois mexe mexe-se todos os dias de manhã e à noite,
mexe-se essa esses enchidos, essa carne.
E o [vocalização] E o toicinho está na salgadeira salgado.
[pausa] Agora têm as arcas,
INF Eu ainda sal- Eu ainda é salgadeira.
INF Eu vim daquele tempo antigo.
A carne na arca não presta.
INF Não presta a carne na arca.
[vocalização] Te- Mexemos a carne todos os dias, todos os dias.
INF Ao fim de três dias, vamos enchê-la.
INF Com as tripas do porco.
[pausa] Estão lavadinhas e metidas em alho e pimentão, e sal, dentro dum balde.
Também mexemos todos os dias [vocalização] isso.
Depois são lavadas outra vez bem lavadinhas em água limpinha – as tripas.
Depois são cheias com a carne do porco.
E a carne do p- A tripa não chega,
voltam-se do outro, do do outro lado
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