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Santa Justa, excerto 24

LocationSanta Justa (Coruche, Santarém)
SubjectAproveitamento dos produtos vegetais
Informant(s) Cristóvão Denise
SurveyALEPG
Survey year1991
Interviewer(s)Ernestina Carrilho
TranscriptionSandra Pereira
RevisionErnestina Carrilho
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationMárcia Bolrinha
LemmatizationDiana Reis

Text: -


[1]
INF1 A agricultura está muito pobre, dizem eles.
[2]
INF2 Os terrenos são caros as rendas,
[3]
e vai tudo é ao que mais alguma coisita, pois,
[4]
se sabe aos tomates e ao tabaco e ao milho, essas coisas.
[5]
INF1 A seara mais rica que temos agora no país é o tabaco.
[6]
INF1 Aqui é uma região que se faz muito tabaco.
[7]
Muito!
[8]
É daqui até
[9]
Bem, ali ali em Caste-
[10]
INF2 Vocês não fumam?
[11]
INF1 Não?
[12]
[vocalização] Então isso podiam fumar, então?!
[13]
INF2 Para estragar as pessoas.
[14]
INF1 Aqui é uma região até que se arranja muito tabaco.
[15]
Que ali, onde é que é também uma
[16]
[pausa] Ali na Ponte de Sor,
[17]
INF2 Eu estive a ralhar com um que estava a fumar: "Vai ralhar com o teu homem"!
[18]
"O meu homem não fuma"!
[19]
Era o meu irmão, o Duriano.
[20]
está sempre a cigarrar, sempre, sempre.
[21]
INF1 É,
[22]
é malvado.
[23]
INF2 E está retirado de fumar
[24]
e não quer saber.
[25]
INF1 Vocês, muita gente que quer é
[26]
Pelo menos uma grande parte de, de das raparigas como vocês fumam.
[27]
INF1 Vocês até podem fumar!
[28]
A gente não tem nada
[29]
Não sou eu que lhe compro o tabaco.
[30]
INF2 Não, elas não cheiram a tabaco.
[31]
INF1 Pois, podiam-se la-
[32]
Mas o tabaco cheira.
[33]
Pois.
[34]
Cheira logo a tabaco.
[35]
INF2 Eu vejo a roupa do nosso Cupertino.
[36]
Ele não fuma,
[37]
mas de lidar no café, a roupa , às vezes, para passar a ferro e tudo, cheira logo à gente.
[38]
INF1 Então não viste aquelas raparigas, [pausa] quando a gente chegou de Cabeço de Vide?
[39]
[pausa] Com certeza que tinham tomado banho umas raparigas que trabalham ali em Coruche na fábrica do tabaco ,
[40]
elas vinham todas bonitas.
[41]
Disse eu: "Ó danadas, se cheiram a tabaco"!
[42]
E não era do fumo!
[43]
Que eu dantes a gente também lidou ali no tabaco.
[44]
INF2 Era do tabaco.
[45]
INF1 Andámos ali uns dez ou doze anos.
[46]
INF2 que se lide com ele, é logo a cheirar, mesmo sem fumar.
[47]
INF1 E, e aq- E aquilo faz mal, aquele aquele aroma.
[48]
INF1 Então eles eles dizem
[49]
Aquilo tem quê?
[50]
É cocaína ou é?
[51]
O tabaco mesmo
[52]
INF1 Tem nicotina
[53]
não sei quantos por cento.
[54]
INF1 Aquilo, [pausa] quem andou!
[55]
Assim em verde [pausa] ainda se leva.
[56]
Mas no fim de seco, quando a gente quando a gente o empilhava
[57]
INF1 O tabaco hoje hoje é diferente;
[58]
o tabaco dantes era empilhado agora
[59]
e depois era escolhido de Inverno;
[60]
e agora é escolhido.
[61]
Sai do forno
[62]
e é [vocalização] e fazem logo a escolha.
[63]
Aquilo era terrível.
[64]
Custava-se a andar.
[65]
[pausa] Punha-se aqui um pigarro nas goelas.
[66]
Ai!
[67]
[vocalização] Mesmo eles dizem que mais de dez anos que não se pode andar numa tabaqueira.
[68]
Eles é que dizem.

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