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Santa Justa, excerto 44
Text: -
INF1 A abelha principal é a abelha-mestre.
INF1 Essa é a abelha-mestre.
em todos os cortiços e em todos…
O meu pai teve sempre co- cortiços
e apanhou sempre muito enxame, que esse chegou a ter muitas colmeias.
E depois no resto, os enxames eram era pequenos
mas para juntar tem que aj- tem que os molhar.
Vai com uma pouca de água,
molha a abelha que está ali em moitão – porque a abelha sendo molhada, perde o cheiro.
E depois já as que estão dentro do cortiço já recebem aquela, porque perdem o cheiro,
não sabem se há-dem aceitar, se não.
E a mestre depois, menos da hora que se juntam, filam-se a brigar:
a que for mais fraca, [pausa] a outra mata-a ,
E quando é no, no no Verão, fica só [vocalização] um um zango para fazer casta.
INF1 Escolhido pela mestra.
e os outros são todos mortos.
Quando é a entrar no cortiço à noite, as abelhas esperam ali por eles,
E o E o Damião, o filho dele é é engenheiro agrícola,
O ano passado – o outro ano –, cá no país ele até é que ganhou o primeiro prémio, [pausa] pois, de arranjar mel.
E esses, a maior parte delas nem dão tempo de enxamear.
[pausa] mas [pausa] bem vindo mais que uma mestra, mata uma
[pausa] Porque a mestra é diferente das outras,
é qu- quase da cor duma vespa.
E as outras são mais curtinhas e são mais escuras, mais negras.
[pausa] Pica com um um ferrão.
INF1 Um ferrão que tem ligado às tripas.
Toda a abelha que pica morre logo.
INF1 Porque espeta o ferrão
e depois o fe- elas começam a zunir até que fogem,
[pausa] largam e o, as t- a tripa
Toda a abelha que pica morde.
INF1 Pois, porque larga a tripa agarrada ao ferrão,
[pausa] Agora a abelha morre.
[pausa] Mas a vespa também pica.
Um fulano vem, agora neste tempo: "Eh, os mosquitos estão só a morder"!
Eu então sempre que posso dizer-lhe: "Ó diabo, não digas que os mosquitos mordem!
Então não vês que eles não têm dentes!
Só morde é mordem toda a qualidade de vivente que tem dentes!
Agora a o mosquito não tem dentes,
Toda a bicheza que não tem [pausa] dentes, todos picam.
INF1 E os que têm dentes é que mordem.
[pausa] Pois até dantes, pu-, descalça- às vezes, quando calhava andar calçado, descalçava o pé, quando calhávamos a encontrar, qualquer pessoal, um alacrau.
punha o pé em cima da cabeça do alacrau para ele picar [pausa] no pé.
Depois ele espetava o pico,
ele ganhava ali uma bolhazinha de veneno, uma bolha de água de roda.
Para eles verem que o lacrau é uma mordidela terrível.
Há-de ser aí conforme vinte e quatro horas credo!
Agora eu não me faz diferença nenhuma!
INF1 Portanto, havia havia uma casa em Lisboa que davam na te- dinheiro para um fulano pôr o pé em cima do lacrau.
E eu [vocalização] já disse ao genro da minha filha para irmos lá umas poucas de vezes, porque ele tem um carro: "Oh pá, vamos lá!
Mas primeiro dão-te o dinheiro a ti
e depois é que ponho o pé em cima da cabeça do lacrau".
Eles de vez em quando até apresentam o lacrau;
e é remédios ou não sei quê,
e o lacrau, que é para um remédio não sei quê!
Até ouvi dizer primeiro que era para para o cancro, ou para o cangro, ou não sei quê!
nunca mais ouvi mais nada!
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