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Couço, excerto 65
Text: -
INF Não havia veterinários,
Aqui na região havia havia alveitares.
Houve aqui na região um homem chamado Décio das ovelhas,
conhecia o gado pelo bigode aos veterinários.
E [vocalização] E os veterinários [pausa] convidaram-no – um homem que não sabia ler nem escrever – para ir reger uma cadeira na Escola Veterinária.
E davam-lhe dez escudos cada dia
E queriam que ele fizesse um livro.
Eu tenho um livro que foi escrito – chama-se "O Tesouro do Lavrador" – que foi escrito há duzentos e vinte anos.
Ainda os veterinários não sabem o que eles sabem.
Porque o veterinário hoje o veterinário hoje, a ciência dele é conhecer a doença do animal.
Por exemplo, se tem uma dor, vai com a cabeça assim aonde…
A gente, como eu, que convivia com os animais, conheço as doenças.
Porque aqui na região a doença que ataca mais o animal é a carbunculosa com diferentes sintomas.
[pausa] Ele vão O gado vacum, há quarenta e cinco moléstias que vão à carbunculosa com diferentes sintomas.
A veterinária hoje está mais evoluída do que nunca esteve.
Está cienti- O veterinário, dês que saiba que conheça a moléstia, aplica-lhe uma injecção,
[pausa] Tem avançado muito.
Mas esse tal esse tal v- Décio das ovelhas – contava-me o meu pai, que ele não era cá do meu tempo –
chegou a Montargil ver uma junta de bois,
[pausa] disse que: "Aquele que está sadio, que não tem doença, morre; e este que está doente escapa.
[pausa] E este que está sadio, quando for uma hora da noite, à meia-noite, dá o berro
[pausa] Era um cientista!
O gajo nunca quis deixar –
Era cá do concelho de Coruche.
Neste tempo não fazia De Verão não fazia mais nada que era a andar a cavalo num cavalo, [vocalização] a este e àquele;
todos os dias, todos os dias iam-no chamar.
O gajo em Salvaterra, andavam os veterinários a dar a injecção,
já lá andavam há oito dias;
e o gajo com um pontapé – que ele o que é que foi? – foi apalpar o boi –
e achou-lhe um marmelo na [vocalização] atravessado nas goelas.
Mas agora o animal respirava.
deu um pontapé no marmelo,
E na presença de dois veterinários, ficaram a olhar para ele.
Foi daí é que ele teve grande fama…
Esses veterinários convidaram-no [pausa] para a Escola Veterinária,
falaram com o professor, para o gajo ter lá uma cadeira e fazer um livro.
Foi, foi um grande Foi um grande paspalhão!
Deixava o nome dele escrito para toda a vida.
E ficava escrito como veterinário.
Porque os veterinários precisam de saber os sintomas que os animais…
Então eu quando tinha lavoura chamava!
Uma vez adoeceu-me uma ali
O veterinário disse: "Morre duas vezes"!
eu fui buscar o meu alfarrábio
e comecei a estudar: "A doença é esta,
comprei sete quilos de farinha [pausa] de trigo
e comprei quarenta onças de raspa de veado.
[pausa] Aqui o farmacêutico, o ajudante de farmácia, não sabia o que era uma onça.
Digo eu para ele: "Então tu não sabes o que é uma onça?
O teu patrão tinha um [nome] antigo".
"Mas você sabe quanto é uma onça"?
Uma onça são vinte e cinco gramas.
Fazes quarenta papelinhos".
Dava dois papelinhos dissolvido em meio quilo de farinha, grosso, pela boca abaixo ao animal.
Quando foi ao fim de três tratamentos, o animal, as tripas, a raspa de veado fez sarar.
Porque a febre podre é umas feridas nos intestinos que os animais têm como nós temos também.
[pausa] E a raspa de veado fez sarar.
[pausa] Matou o micróbio.
[pausa] Os antigos sabiam muita coisa!
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