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Couço, excerto 66

LocationCouço (Coruche, Santarém)
SubjectNão aplicável
Informant(s) Danilo
SurveyALEPG
Survey year1991
Interviewer(s)Ernestina Carrilho Maria Lobo
TranscriptionSandra Pereira
RevisionErnestina Carrilho
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationMárcia Bolrinha
LemmatizationDiana Reis

Text: -


[1]
INF O meu avô todos os anos
[2]
Que os Os ventos é que mandam no tempo.
[3]
[pausa] De dia 21 para o dia 22 eu vou ver os ventos, donde ele cai
[4]
De De dia 21 do mês de Natal até ao 21 do mês de São João, o quente é que governa.
[5]
[pausa] E de 21 do mês de São João até 21 de Natal, os ventos é que governam.
[6]
Uma vez o meu avô, fui eu,
[7]
era rapazito: ", Danilo, levanta-te, que é para ires mais a gente para o moinho de vento".
[8]
Faziam o lume, quando era aquela hora em ponto,
[9]
e o lume trabalhava
[10]
Eu ainda me lembro,
[11]
o vento no dia 21 veio, veio ficou sul.
[12]
Diz o meu avô para o outro, que era o Indalécio
[13]
Que tinha, eu,
[14]
na minha terra, todos tinham os seus nomes.
[15]
O meu avô chamavam-lhe Israel,
[16]
e o outro era o Indalécio, e o outro era o Ireneu.
[17]
Ajuntavam-se todos três num sítio que chamam o Moinho de Vento.
[18]
Hoje um grande jardim em Montargil.
[19]
Vocês também vão a Montargil, não?
[20]
Ou foram?
[21]
INF Ah, mas então andam para estagiar.
[22]
Então que curso é?
[23]
As senhoras, que andam as meninas?
[24]
INF Ah, é letras?!
[25]
INF Ah, então letras é para jornalistas.
[26]
INF Ah, para linguística.
[27]
INF Ah, a língua portuguesa.
[28]
Andam para saber a língua portuguesa.
[29]
Está bem.
[30]
Sabe qual é, no Norte?
[31]
Fui uma vez de mota,
[32]
era militar.
[33]
Ia mais outro rapaz
[34]
e ouvimos um um fulano,
[35]
era sapateiro.
[36]
Diz para a mulher: "Ó reco
[37]
Ó Dília, vai ver o reco que está a dormir na corte".
[38]
[pausa] Diz o outro: "A gente vai perguntar".
[39]
"Não, que isso são
[40]
Chamam chalados a gente, .
[41]
A gente vai atrás dela
[42]
e vamos ver".
[43]
Fomos atrás dela,
[44]
vimos um rodeio.
[45]
[pausa] No Norte foi em Oliveira de Azeméis chamavam a corte
[46]
e um porco era o reco.
[47]
INF Vimos então
[48]
Ele o Norte ainda tem mais extravagante.
[49]
A língua portuguesa, vocês têm muito que ler e que [vocalização]
[50]
INF Têm.
[51]
Vocês Vocês nem um ano fazem o estudo todo da língua.
[52]
INF É [vocalização] uma coisa inteira?!
[53]
INF Mas andam por conta do Estado ou é [vocalização]?
[54]
É por conta do Estado?
[55]
INF Ah, vocês andam por conta do Ministério da Educação?
[56]
INF Ah, estão ligadas à Universidade!
[57]
Andam a fazer um estudo dos usos em Portugal e costumes.
[58]
INF E das palavras.
[59]
INF E ligadas.
[60]
Mas eu tenho de dizer isto.
[61]
Aqui na terra, chamam o boi,
[62]
quando é quando é novo chama-se garraio;
[63]
a passar dos quatro anos é que se chama boi.
[64]
INF É, é É garrainho.
[65]
É um garrainho.
[66]
Quando chega a uma certa idade chama-se novilho.
[67]
[pausa] Tem esses nomes aqui na região.
[68]
INF Quando têm dois anos de estar na engorda é os novilhos.
[69]
[pausa] Passando os dois anos, passa a ser garraio.
[70]
[pausa] A passar dos três para os quatro anos, passa a ser boi.

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