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Fontinhas, excerto 2

LocationFontinhas (Praia da Vitória, Angra do Heroísmo)
SubjectAs festas religiosas e profanas
Informant(s) Brás
SurveyALEPG
Survey year1979
Interviewer(s)Pedro Prista Monteiro
TranscriptionSandra Pereira
RevisionAna Maria Martins
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationSandra Pereira Márcia Bolrinha
LemmatizationDiana Reis

Text: -


[1]
INF Agora ele era no domingo
[2]
Isto se falámos da distribuição da carne no sábado.
[3]
INF No domingo, eu vou para de manhã, [pausa] como mestre da função, e mais pessoas convidadas para ajudar,
[4]
a gente vai buscar a carne donde ela está;
[5]
a gente arma dez, doze panelas de ferro grandes de cinquenta litros, cada uma;
[6]
tenho homens que vão buscar-me lenha para ao , outros a acartar água não é? ,
[7]
outros vão buscar as mesas,
[8]
outros vão buscar a carne,
[9]
deitam em cima das mesas;
[10]
aquela carne é toda lavada;
[11]
e depois de ser lavada, é deitada nas panelas,
[12]
[vocalização] deita-se os temperos dentro
[13]
Não sei se quer que lhe diga os temperos que é que se vai deitar dentro?
[14]
Quer?
[15]
Pois os temperos, em cada uma panela dessas de cinquenta litros, leva uma cebola e meia grande, seis dentes de alho, meio litro de vinho branco, [vocalização] duzentas e cinquenta gramas de toicinho de fumo, uma barra de manteiga até não cozer bem a carne quando a carne está bem cozida leva mais uma barra de manteiga, vêm a ser duas barras , sal,
[16]
tal e qual o paladar que a pessoa tenha é que vai temperando,
[17]
tal e qual precisa;
[18]
e [vocalização] depois de a carne estar cozida, a gente deita-lhe molho da alcatra dentro.
[19]
Que vem a ser umas alcatras de batacozes que se faz, que seja a mão de vaca.
[20]
Que ele no continente não sei se dizem que é [pausa] geleia de vaca, ou qualquer coisa assim parecida;
[21]
a gente aqui chama-lhe é batacozes.
[22]
INF Batacozes.
[23]
É as mãos de vaca;
[24]
a gente faz umas alcatras donde tira esse molho para a sopa;
[25]
[pausa] a gente deita-o na panela;
[26]
quer dizer, água, deita-se a que precisa não é? , e [vocalização] meio litro de vinho branco parece-me que [pausa] repeti isso.
[27]
E [vocalização] quando a carne está cozida, a gente tira a carne;
[28]
e depois de tirar a carne é que a gente faz um tempero final.
[29]
A gente [pausa] tempera
[30]
Eu tempero as panelas todas,
[31]
provo
[32]
e acho uma ou outra um pouco mais insonsa,
[33]
não vou-me temperá-la para as outras.
[34]
Com uma concha, passo-as todas de uma para a outra,
[35]
é uma mistura,
[36]
e depois então torno a provar, porque ele pode haver uma que tenha um bocadinho de mais e outra que tenha de menos.
[37]
E assim, eu misturo o caldo todo
[38]
e o paladar todo por igual.
[39]
Quer dizer, e depois é que a gente então tira as sopas.
[40]
Nessa altura, enquanto a sopa se cozeu, [pausa] a gente tivemos várias pessoas a picar sopas e [vocalização] encher as terrinas, que são aquelas que estão ali.
[41]
A gente tem aquelas pessoas a encher as terrinas
[42]
e [vocalização] quando está tudo preparado, a gente tira a sopa
[43]
e abafa.
[44]
Ora, depois de a gente abafar a sopa, temos a carne abafada porque foi cozida,
[45]
tirou-se e depois é que se preparou a sopa.
[46]
Temos então é os homens a deitar as mesas: toalhas, copos, gardana- oh, diacho!, guardanapos, bem digo , e [vocalização] os talheres completos, e a encher os jarros de vinho para distribuir nas mesas, preparar as travessas para encher a carne, preparar o pão de leite para poder deitar nas mesas.
[47]
Quer dizer, todas essas coisas que são necessárias, as pessoas que estão a ajudar a trabalhar vão preparando tudo para quando chegar à altura do banquete, a gente não estar à espera duma coisa ou outra.
[48]
está tudo em ordem para quando começar o banquete,
[49]
pega tudo a seguir.
[50]
É a razão, é o Quer dizer, o estilo do nosso jantar do Espírito Santo é este.

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