Representação em frases

Fontinhas, excerto 6

LocalidadeFontinhas (Praia da Vitória, Angra do Heroísmo)
AssuntoAs festas religiosas e profanas
Informante(s) Brás Bráulio

Texto: -


[1]
INF1 É, é.
[2]
No mesmo dia, antes de dar o jantar às pessoas adultas, dá-se o jantar primeiro às crianças:
[3]
às vezes, cento e cinquenta, cento e sessenta, cento e setenta, cento e vinte e dei até para cima de duzentas.
[4]
Mas faz-se sempre às crianças antes de dar o jantar aos adultos.
[5]
Sempre, sempre!
[6]
Sempre que se o jantar aos grandes, primeiro se aos pequenos.
[7]
Isto é Isto é uma tradição que vem muito antiga mas que continua sempre [pausa] na mesma forma.
[8]
INF2 Depois dá-se-lhes uma brindeira.
[9]
INF1 E depois quando se o jantar às crianças, ainda tem graça.
[10]
É que [vocalização], muitas das vezes, muitas pessoas, por exemplo, que [vocalização] prometem de dar uma tigelinha de sopa de esmolas [pausa] como eu dei
[11]
para não falar nos de fora, digo eu.
[12]
Eu prometi de dar
[13]
Eu dei-lhe um jantar
[14]
e prometi de dar uma tigelinha de sopas a cada um enfermo da nossa freguesia.
[15]
Ora, os enfermos são as pessoas que estão em casa, que não saem, que estão nas camas, deitados para ali, e que não podem vir à missa não é? ,
[16]
e havia trinta e dois enfermos na nossa freguesia mulheres e homens ,
[17]
e eu dei trinta e duas tigelas de sopa a essas pessoas.
[18]
Como também [vocalização] dei de jantar a todos os velhinhos que estavam no asilo, juntamente as pessoas que trabalhavam.
[19]
Foi-se levar o jantar.
[20]
Ora, muitas pessoas que dão muitas tigelinhas de sopa, não aos enfermos, nem ao asilo, a crianças [pausa] inocentes.
[21]
Quando se acaba de dar o jantar aos pequenos, pois uma série de bilhetes que se distribui pelos inocentes da freguesia, não é?
[22]
E as mães vêm com eles ao colo e com um cestinho ou uma açafatinha na mão buscar a tal dita tigelinha de sopa e uma brindeirinha de pão de trigo, em cima.
[23]
Ora, quando esta distribuição, está a filarmónica a tocar.
[24]
INF1 Aquilo até um choque.
[25]
INF1 Está aquelas crianças tudo, tudo enfileirado por ali fora, tudo à vez.
[26]
E à maneira em que vão dando, as crianças vêm andando.
[27]
E depois disso tudo, é que o jantar então das pessoas adultas, depois com os seus convidados, [pausa] que vêm assistir ao banquete.
[28]
Mas primeiro trata-se dos c- das crianças todas
[29]
e depois então é que se sentam os adultos, a comer e a beber, à vontade.
[30]
INF1 É, isto é, eu Quer dizer, isto é uma coisa que tem
[31]
INF1 É uma tradição antiga, mas uma tradição como é que eu hei-de dizer? que [pausa] torna-se às vezes até
[32]
Para mim, eu sinto-a muito,
[33]
é uma tradição que eu sinto-a
[34]
e choco muitas vezes [vocalização] quando vejo aquelas crianças todas sentadas a comer, porque aquilo ali não defeitos.
[35]
Aquilo são as pessoas que sentam ali à mesa, às vezes, cento e cinquenta e a duzentas crianças não é?
[36]
e quer esteja insonso, quer esteja salgado, quer esteja mal cozido, quer esteja bem cozido, para aquelas crianças está sempre bom, [pausa] está a perceber?
[37]
Aquilo ali não defeito.
[38]
É das pes- É dos jantares que eu gosto imenso de assistir é ao jantar das crianças
[39]
e que o faço sempre.
[40]
Em toda a banda que vou, dá-se sempre o jantar das crianças.

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