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Fontinhas, excerto 8

LocalidadeFontinhas (Praia da Vitória, Angra do Heroísmo)
AssuntoAs festas religiosas e profanas
Informante(s) Brás

Text: -

[1]
INF Dos fermentos, do cozer das massas, há uma mestra do forno.
[2]
INF Há a mestra do forno, [pausa] que é a que [vocalização] deita a massa para o forno e tira do forno.
[3]
Essa é que tem uma responsabilidade muito grande.
[4]
Porque é preciso ter o forno sempre quente numa tabela que nem queime nem deixe ficar cru.
[5]
É preciso ficar bem cozido e não queimar, ficar lourinho.
[6]
O senhor conhece massa doce, não é?
[7]
INF Portanto, isso é uma responsabilidade duma mulher que toma esse cargo para cozer as massas.
[8]
Isso leva [pausa] sete dias a cozer, de dia e de noite.
[9]
Essas mulheres nunca se deitam na cama.
[10]
Durante o dia e durante a noite, aquela mulher está à boca do forno, sempre, sempre, a aquecer o forno, a [vocalização] meter massas, tirar massas.
[11]
E a outra está a mandar então várias mulheres, [pausa] a amassar,
[12]
depois vão tender – não é? –,
[13]
outras vão tomar a presa à massa…
[14]
Quer dizer, tomar a presa é fazer a mistura da massa com ovos e leite e açúcar – não é? –,
[15]
e quando está preparada já com os ovos, e o leite, e o açúcar, o fermento, isso, quando deitam dentro, então é que as outras pegam todas a amassar…
[16]
Levam ali três horas a amassar num alguidar.
[17]
[pausa] Três horas, não é não é cinco minutos.
[18]
É muito tempo.
[19]
E isto é o giro durante a semana,
[20]
quer dizer, é até cozer as brindeiras da visita;
[21]
quando se acaba as brindeiras da visita, pegam a cozer [pausa] o pão de leite [pausa] para [pausa] a folia, que é no dia de enfeitar os bezerros, na quinta-feira…

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