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Fontinhas, excerto 55

LocalidadeFontinhas (Praia da Vitória, Angra do Heroísmo)
AssuntoA alimentação
Informante(s) Camolino Celisa Cesaltina Elódio

Text: -

[1]
INF1 Nem a pequena nunca escreveu.
[2]
INF2 Nem a pequena ainda não escreveu.
[3]
Que ela escreve sempre é ali sentada na cama.
[4]
Não escreveu ontem,
[5]
queria-se era deitar,
[6]
deitou-se.
[7]
Já tardíssimo que a gente se deitámos.
[8]
INF3 Já à noite.
[9]
INF2 E [vocalização] E hoje levantei-me,
[10]
estive derretendo a minha matança…
[11]
INF3 A mãe sempre foi ontem lá baixo buscar à Praia buscar o toucinho?
[12]
INF2 Fui.
[13]
Fui no carro desta senhora.
[14]
Fui
[15]
e vim no carro deles.
[16]
[pausa] Eles ainda estiveram à minha espera.
[17]
INF2 Não!
[18]
Estiveram então à minha espera ainda para me trazer para cima no carro.
[19]
Porque aquilo está mau, então lá é à vez.
[20]
Tiram uma se-…
[21]
INF2 É à vez!
[22]
INF3 É,
[23]
vai muita gente vai.
[24]
INF2 Era um aç- Era um açougue,
[25]
e o que já tinha saído, senhora!
[26]
INF2 Se já tinha saído!
[27]
Era um açougue que a gente queria-se mexer lá dentro e não podíamos.
[28]
INF3 Tudo atrás do toucinho, porque não há agora
[29]
e eles vão é à busca do toucinho para os torresmos.
[30]
INF2 Tudo atrás do toucinho!
[31]
Toucinho.
[32]
É.
[33]
E gente que compra canelos!
[34]
Uns é só por canelos e carne para comer.
[35]
INF1 Vai aviando, que eles têm que desgastar aquilo tudo.
[36]
INF2 E os outros é para derreter.
[37]
INF1 Uns levam uma coisa e outros levam outra.
[38]
INF2 Derreteu
[39]
e fiz aquela gordura que está ali.
[40]
INF2 Mas não Mas não não dão mais que cinco quilos a cada um.
[41]
INF1 Querem contentar todos.
[42]
INF3 Não é o que querem.
[43]
INF2 Não é o que querem!
[44]
INF1 Não!
[45]
É a contentar todos .
[46]
INF2 Ainda o pequ– o rapaz do Canuto disse-me: "A tia que A tia, que é queria"?
[47]
Digo eu: "Queria dez quilos".
[48]
Diz ele: "Não pode ser.
[49]
Não pode ser.
[50]
Há-de ser só cinco, que é como os outros".
[51]
Digo eu: "Há-de ser o que o senhor puder amanhar.
[52]
O senhor há-de fazer como faz aos outros.
[53]
Eu não sou diferente dos outros.
[54]
O senhor há-de fazer como faz aos outros".
[55]
Pronto.
[56]
INF2 Há.
[57]
INF1 Há
[58]
e esteve uma desgraça.
[59]
INF3 Há muita,
[60]
há muita, muita!
[61]
INF2 Não há.
[62]
INF1 Não vendem.
[63]
INF2 Não há.
[64]
Em tempo havia, mas agora não há.
[65]
A gente comprava era sempre pronta a [vocalização] fazer comida,
[66]
mas agora não há.
[67]
INF2 E cada vez é pior.
[68]
INF3 Falta de porcos para matar.
[69]
INF2 Falta de porcos.
[70]
INF2 É.
[71]
INF3 É falta.
[72]
INF4 Mas a falta de porcos [vocalização] o lavrador é que teve a culpa.
[73]
INF2 Foi!
[74]
Ele foi então!
[75]
INF4 Eles eram não pagavam bem que desse para o para o tratamento…
[76]
INF1 Uê!
[77]
Não Não dava para as despesas.
[78]
INF4 Depois eles [pausa] deixaram de de criar porcos.
[79]
Agora ninguém tem porcos:
[80]
eu não tenho para vender,
[81]
aquele não tem porque não tem,
[82]
e querem é comprar…
[83]
INF2 É, é.
[84]
INF4 Eu tenho medo que me falhe.
[85]
INF3 Eu tenho
[86]
mas é só para para gasto de casa.
[87]
Depois quando for mais daqui a uns meses…
[88]
[vocalização] Estou engordando para o matar.
[89]
Que eu tenho-o para o gasto de casa.
[90]
Pronto, é na altura em que não há.
[91]
INF2 Mesmo aquilo não vão bem gordos para lá, Eládio.
[92]
INF3 Eles mesmo não querem.
[93]
INF2 É só engorlentados.
[94]
INF3 Eles mesmo não querem.
[95]
Quando é para vender, eles não querem porcos muito gordos.

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