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Fontinhas, excerto 67

LocalidadeFontinhas (Praia da Vitória, Angra do Heroísmo)
AssuntoA agricultura
Informante(s) Camolino Celisa

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[1]
INF1 Ou pastagens
[2]
Pode ser mato, pode ser pastagens.
[3]
INF1 Que [vocalização] Que não são cultivados.
[4]
INF1 Isso é o
[5]
É tratado por vadio.
[6]
INF1 É, sim senhor.
[7]
Mas [vocalização] hoje pouco.
[8]
O nosso governo meteu-se a tapar,
[9]
tapou os vadios, a bem dizer, todos, para meter dinheiro para dentro, para arrendar a quem precisa deles
[10]
INF2 Para os seus bens.
[11]
INF1 Estão todos arrendados.
[12]
INF2 É.
[13]
Arrendam.
[14]
INF1 Para arrendar, para meter dinheiro para dentro está a senhora a perceber?
[15]
Quer dizer, ele também gastou o dinheiro.
[16]
Ele também gastou dinheiro a tapar aqueles campos com paredes, e tanques e de águas e essas coisas, também a trabalhar tractores e,
[17]
também gastou.
[18]
INF2 Gastou muito.
[19]
INF1 Gastou!?
[20]
Ele gastou!
[21]
Ele não gasta nada da sua algibeira!
[22]
É.
[23]
O nosso governo gasta é da é da gente.
[24]
INF2 Pois,
[25]
se sabe que é.
[26]
Mas t-, mas gast- Mas gastou!
[27]
INF1 Está bem.
[28]
Mas gasta é da gente.
[29]
INF2 Pois era.
[30]
Porque metiam reses para , para os vadios,
[31]
tratavam por vadios.
[32]
INF1 É.
[33]
Eu levava.
[34]
Eu [vocalização]
[35]
A senhora tinha, por exemplo, cinco ou dez ou quinze bezerras: "O Elísio deitou-as para a [NPR]".
[36]
?
[37]
INF2 ia vê-las.
[38]
INF1 Vai vê-las
[39]
Vai vê-las, hoje, ou amanhã, ou daqui a quinze dias, ou daqui a três semanas, ou daqui a oito dias,
[40]
ou vai vê-las;
[41]
mas hoje não têm nada que ver porque os vadios, o nosso governo tapou-os todos.
[42]
INF2 Está tudo tapado.
[43]
INF1 Eu conheci matos para dentro, que eu ia para esses matos para dentro,
[44]
a gente olhava [pausa] olhava,
[45]
era vadios.
[46]
INF2 Mesmo não se bota reses para .
[47]
INF1 Era vadios.
[48]
Agora a gente chega
[49]
e não sabe onde é os vadios.
[50]
É [vocalização] É criptomérias a fazer abrigos naquelas pastagens, duma banda para a outra,
[51]
é t- é entradas para aquelas pastagens.
[52]
Oh, pois, que horror.
[53]
INF1 Sim, era
[54]
Pois arranjavam
[55]
e outros não se importavam de saber.
[56]
INF2 Não tinham, não senhor.
[57]
INF1 Não arranjavam.
[58]
Arranjou foi o nosso governo quando andou que fez o tapume,
[59]
é que ele arranjou.
[60]
INF2 Ele é que tem arranjado, então.
[61]
INF1 Mas antes não arranjavam.
[62]
Arranjar quê?
[63]
Com o quê?
[64]
Ah!
[65]
INF2 Não arranjavam!
[66]
Metiam o seu gado àquele
[67]
Bezerras que queriam criar, não tinham, não queriam pagar não podiam pagar renda,
[68]
INF2 metiam para o para o vadio tratavam por vadio.
[69]
INF2 E depois iam vê-las de, de de dias a dias.
[70]
INF1 É.
[71]
Pois, e eu ia também, porque não havia muito dinheiro.
[72]
INF2 O quê?
[73]
INF2 .
[74]
INF1 Há-de haver ilhas onde há-de haver vadios.
[75]
Mas eles, as i-, as hoje está tudo ele muito apurado, que é coma esta questão de haver muito gado hoje à vista do que havia, porque os campos são outros.
[76]
INF1 É coma esse vadio.
[77]
Isso é tudo tapado,
[78]
mas é
[79]
A senhora o que é que pensa,
[80]
é centenas de moios.
[81]
[vocalização] Isso está tudo em tratamento.
[82]
Tudo em tratamento, está acrescentando gado a senhora está percebendo?
[83]
INF1 Quer dizer, faz uma diferença grande!
[84]
Porque no vadio, tinham muito gado no vadio [vocalização] três, uma dúzia doutro, uma dúzia doutro, meia dúzia doutro, [vocalização] mais meia dúzia doutro , enfim,
[85]
mas era uma coisa duma outra [nome] ou forma.
[86]
INF2 Que era coisa brava!
[87]
INF1 E ainda mesmo assim chegava-se a este tempo,
[88]
a gente dizia: "Eh homem, tem que se recolher aquelas reses".
[89]
Porque o vadio é desamparado, não havia tapume,
[90]
não havia abrigo,
[91]
não havia nada.
[92]
[vocalização] "Tem que se recolher aquelas reses para dentro porque aquilo, agora, elas abatem-se naquele inverno"
[93]
INF1 [vocalização] Ficava aquilo para ali.
[94]
INF2 Para abrigos.
[95]
INF1 E traziam as reses para outros lugares, para lugares que tinham seus, tapados e [vocalização] e com abrigos naquelas serras mesmo e
[96]
INF1 Era recolhê-las recolhê-las para dentro.
[97]
INF1 Era recolhê-las para dentro.
[98]
INF2 Até passar o Inverno.
[99]
INF1 Quando passava o Inverno, pois tornavam-se a deitar outra vez para aqueles lugares
[100]
e para além estavam aquele Verão todo para ali.

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