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Unhais da Serra, excerto 7
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INF1 Na antiga lei, quase tinha tudo cabras.
INF2 Já me lembra de fazerem a Penteadora.
E E uma vez [vocalização]…
Não havia assim muitos lobos,
Agora botam o gado à malta
e, felizmente, não não há nada.
INF1 Só se houver assim cães bravos e assim, [pausa] é que vão atacar.
INF1 Mas naquele tempo havia muito lobo.
E eles então, [pausa] uma época, um malandro dum lobo deu conta da cabrada ao meu pai,
INF1 Olhe, era ali – pronto, os senhores não sabem –, ali da ribeira de Estrela, dos Pesos da Presa até aqui à Fonte Segunda, já aqui perto da casa do senhor doutor Demócrito,
Olhe, passavam as do as do vizinho,
vinham as nossas no meio – pumba! –,
É como é que se conhecia já pelos chocalhos – chamava-lhe a gente a louça –,
era como é que já se conheciam.
Tinham que esperar ali, bumba!
Olhe, já era preciso dois, do- duas pessoas para passarem as cabras.
Se o meu irmão ia com elas, o meu pai tinha que o lá ir esperar.
INF1 Se o meu pai ia com elas, o meu irmão tinha de o lá ir esperar.
Se Se viesse [vocalização] o gado sozinho, se o pastor viesse de trás, avançavam diante;
se o pastor viesse diante, avançavam de trás.
De maneira que levou-nos ali muita cabra, mas muita cabra!
Olhe, um belo dia, [pausa] vinha lá o meu pai,
ficou para trás – já aqui perto, aqui das Termas!
[pausa] Olhe, quando foi de manhã, foi o meu pai com elas – o meu irmão foi ao mato –
INF1 Encontrou assim no caminho, donde a agarraram, lá tudo.
Foi a cabra coxa que ficou para trás
Mas como era muito grande, ele andava refeito,
O meu irmão tinha ido de f- ao mato,
"Ó Demóstenes, olha hoje não vais mais ao mato".
"Então os lobos ainda ma- ainda nos agarraram a cabra coxa"!
"Então tu não vistes em baixo, à Fonte Segunda, que está lá"?!
"Olha, tem um bocado enterrado em tal lado, em tal lado", lá lhe estive a dizer.
"E tu agora botas o molho do mato na loja
e vais ver se arranjas um bocado de veneno, porque isto não tem de se- não pode ser"!
Meu irmão então assim fez.
"Olha, se cá não arranjares, vais ao Paúl"!
Cá, não antigamente, não havia farmácia!
INF1 Nem agora mesmo vendem aquilo, [pausa] vá lá.
Lá foi então à primeira casa, que era uma loja que havia, um barbeiro que aí havia,
à noite, tiveram que avisar os pastores todos para fecharem os cães, [pausa] porque era um perigo!
Fizeram então assim umas postazinhas,
arranjaram uns casquinhos dumas telhas,
abriram então aquelas postas
e meteram-lhe então o veneno no meio;
e então em volta das telhas, botaram-lhe uns bocadinhos de carne, que era para ele ir comendo aqueles bocadinhos para chegar ao da telha.
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