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Unhais da Serra, excerto 16

LocationUnhais da Serra (Covilhã, Castelo Branco)
SubjectA rega
Informant(s) Dinora Delmiro Diomedes
SurveyALEPG
Survey year1997
Interviewer(s)Gabriela Vitorino
TranscriptionSandra Pereira
RevisionAna Maria Martins
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationMélanie Pereira
LemmatizationDiana Reis

Text: -


[1]
INF1 uma certa altura ali talvez em Abril, Maio
[2]
chamam uma sessão.
[3]
Juntam-se os, os [pausa] os proprietários e [pausa] mais alguém que queira ir comparecer,
[4]
e dizem assim:
[5]
"Bem, quem é que quer ficar com a rega- com a regadia"?
[6]
INF2 Os proprietários.
[7]
INF1 Pronto, aqui é, é, é [pausa] é de porta à eira.
[8]
INF2 É de porta à eira.
[9]
INF1 E outras.
[10]
INF3 outra além na frente.
[11]
INF1 Por exemplo, o senhor lança:
[12]
"Eu fico com ela a duzentos escudos"!
[13]
[pausa] E eu lanço:
[14]
"Eu fico com ela a duzentos e cinquenta"!
[15]
Aquele que mais é que fica!
[16]
INF2 Não, não.
[17]
INF3 Não, não.
[18]
É o que mais barato faz.
[19]
INF1 Ou o que mais barato faz, então é que fica.
[20]
INF2 Porque se fosse ao lanço, [pausa] aquilo ia para umas alturas!
[21]
INF1 E então
[22]
Pois.
[23]
INF2 Porque aquilo é
[24]
INF1 E então, se a senhora quer regar, desde o momento que entre a regadia, a senhora tem que pedir a água a esse senhor.
[25]
Porque senão a senhora tira, eu tiro, [vocalização] os meus sogros tiram,
[26]
a água não chega para ninguém
[27]
e não é para ninguém.
[28]
INF2 E jogam a bulha!
[29]
INF1 E jogam a bulha!
[30]
Por isso mesmo é que é que um juiz [pausa] para para dirigir a água.
[31]
INF2 Tem que ir manter a ordem.
[32]
INF1 Portanto, a gente quando quer regar
[33]
Não digo que não ali [pausa] uma vez e tire a água sem ordem,
[34]
mas isso é mau.
[35]
INF1 A gente tem que pedir a água.
[36]
Por isso mesmo, a gente paga para ele
[37]
INF1 A esse juiz.

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