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Unhais da Serra, excerto 38
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INF1 Há a lampo que dá pelo São João – das figueiras do Algarve.
Que vem aí por o fim de Junho.
INF2 É o nome É o nome da figueira.
[pausa] Essas figueiras do figo-lampão dão a primeira camada fins de Junho.
[pausa] Dão a primeira camada.
[vocalização] Este ano até quase que nem se viu.
INF2 Você sabe que são são seis horas?
INF1 Esse figo-lampão há anos que dá muito.
INF1 E depois de colherem o lampão, dá – aí é que é interessante –,
esse figo ele essa figueira do figo-lampão dá aquela camada do figo grande.
INF1 E depois dá o vindimo se lhe puserem o bravo.
INF1 A figueira do figo-lampão [vocalização] dá uma camada.
Dá uma camada deles grandes
[pausa] e fica quase sem nada.
E já fica com os pequenitos, com um figo pequenito.
INF1 Mas é preciso que lhe ponham [pausa] uma camada de de figo bravo…
INF1 Há aí figueiras bravas…
INF1 Olhe aqui no aqui ao pé do pontão…
INF1 Mas é preciso que o figo esteja completo.
[pausa] Dessa figueira brava há:
o figo que está completo da figueira brava, que esteja já amarelo, não se come – não se come –,
mas a figueira brava tem um figo que quando está maduro é quando está completo.
INF1 E lá por dentro, dentro da graínha do figo,
INF1 cria-se um bichinho, [pausa] um bichinho muito miudinho, muito miudinho, uma espécie dum mosquito.
[pausa] E quando está maduro, esse figo bravo, está assim um bocadinho mole
e no bico no bico do figo, quando está maduro, [vocalização] o bico começa a abrir um bocadinho,
INF1 e sai de lá aquele mosquito.
INF1 Antes de o mosquito sair, [pausa] a gente vai a uma figueira brava,
colhe ali uma mancheia deles,
e depois com uma agulha [pausa] mete-se-lhe uma linha aí com dez ou quinze figos.
E depois com esse cordão vai-se dependurar na figueira que deu os figos-lampãos.
INF1 Esse mosquito, quando depois se chega à altura que o figo está maduro,
e vai-se filar ao figo pequenino da figueira que deu o figo-lampão.
Vai-se filar a esse figo.
Onde o fi- Onde o mosquito vai morder, esse figo amadura.
[pausa] E depois o mosquito corre a figueira toda.
Onde ele pica, o figo amadura.
Se não lhe puserem nenhum figo, desses da figueira brava, não amadura nem um.
Há a qualidade de figo-vindimo das figueiras que não dão lampão.
INF1 Isso é só as que dão o figo-lampão, o grande.
INF1 Quando se lhe colhe [vocalização] o figo-lampão, fica já o figo-vindimo pequenino,
mas se não lhe puserem o figo bravo, nem o primeiro amadura!
INF1 Então já eu eu já o fiz!
INF2 Veja lá então este aqui.
INF1 Eu já o fiz [pausa] porque um senhor que tem uma quinta…
INF2 Quem percebe muito de fruta sou eu.
INF1 Quem tem uma quinta além daquele lado…
INF2 Gosto muito de fruta!
INF1 Tem uma quinta além daquele lado
e deu-me lá uma figueira grande para colher.
[vocalização] Bem, deu-ma porque eu dei-lhe a recompensa a trabalhar lá.
[vocalização] Ele deu-me, por exemplo, uma chouriça
[pausa] Eu dei-lhe muito mais.
Que era [vocalização] Que era o pai dum padre.
"Ó senhor Dimas, colha aqui esta figueira", e tal.
[pausa] Mas quando ele dava alguma coisa, já lá tinha a recompensa.
[pausa] Lá colhi aqueles figos-lampãos…
E eu sabia onde havia uma figueira brava, grande, [pausa] que era no Ourondinho, onde está o Dinis.
Nunca ouviu falar [vocalização] nos Dinis?
INF1 Aqui não há Uma quinta que há aqui no Ourondinho, havia lá uma fig-…
Ai,mas isto já lá vai lá,
já lá vão mais de vinte anos.
[pausa] E eu sabia lá que havia lá uma
Levei até uma bolsa, uma bolsa de pano, porque sabia que estava lá essa figueira, porque eu também lá trabalhei algum tempo.
colhi uma bolsa meia de figos,
[pausa] meti para dentro da bolsa,
[pausa] E cheguei ali à figueira que me deram, onde colhi os figos-lampãos,
fiz um rosário com uma agulha a enfiar no pé dos figos.
Fiz um rosário aí com uns dez, ou quinze, ou vinte
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