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Unhais da Serra, excerto 40

LocationUnhais da Serra (Covilhã, Castelo Branco)
SubjectA vinha e o vinho
Informant(s) Dimas Dília Diodoro
SurveyALEPG
Survey year1997
Interviewer(s)Gabriela Vitorino
TranscriptionSandra Pereira
RevisionAna Maria Martins
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationMélanie Pereira
LemmatizationDiana Reis

Text: -

[1]
INF1 Devagarinho, não a força assim muito,
[2]
até a acompanha por baixo onde faz a curva.
[3]
INF1 Mas muito devagarinho!
[4]
Mas é preciso que esteja o sol quentinho, que é para ela estar maleável.
[5]
Senão, se a vai a torcer logo assim de repente, logo parte-lhe ao meio.
[6]
INF1 Curva-a assim devagarinho,
[7]
faz um rego no chão.
[8]
INF1 Se ela tem aí [vocalização] dois metros ou assim, [pausa]
[9]
INF1 faz um rego no chão, [pausa] aí com um palmo de fundo,
[10]
mergulha-a lá,
[11]
mergulha-a lá, [pausa]
[12]
INF1 bota-lhe terra em c- segura-a com o pé
[13]
e bota-lhe terra em cima
[14]
e já não sai dali.
[15]
Já não sai dali.
[16]
[pausa] Curva-a um bocadinho,
[17]
mete-a debaixo de terra…
[18]
INF1 E dei- E deixa-lhe uma parte, conforme o que ela der, o que ela tiver…
[19]
INF1 Se ela sair para fora um grande bocado, deixa-lhe aí trinta centímetros de fora.
[20]
Mergulha-a, [pausa]
[21]
INF1 bota-lhe põe-lhe o pé em cima para ela não fugir.
[22]
Põe-lhe o pé em cima, à vara,
[23]
bota-lhe terra
[24]
e depois acalca-a,
[25]
e curva-a,
[26]
e depois vira-a novamente para cima, a ponta.
[27]
Se a ponta tiver [vocalização] trinta ou quarenta centímetros, depois corta-lhe a ponta
[28]
e deixa-a só aí com trinta cen- centímetros de fora.
[29]
INF1 E depois onde faz a curva, [pausa] espeta uma estacazinha.
[30]
Onde faz a curva [pausa]
[31]
INF1 espeta-lhe uma estacazinha,
[32]
[pausa] ata-lhe aqui um baracinho.
[33]
Se houver um acidente, que lhe toquem, para não partir, já ali está oprimida – está a perceber?
[34]
INF2 Já vamos.
[35]
INF1 Onde faz a curva.
[36]
INF2 Já vai.
[37]
INF1 Onde faz a curva, põe-lhe ali uma varazinha, com um baracinho – um baracinho, até um loureiro, [vocalização]
[38]
INF1 uma coisa que seja maleável –
[39]
INF1 ele até um lou- um loureiro de facto fato, ou assim…
[40]
INF1 Ele se é, por exemplo, uma…
[41]
INF1 Não é muito aconselhável.
[42]
A ráfia é boa
[43]
mas é quando é para atar.
[44]
INF1 Um Até um loureiro de de facto fato, ou coisa…
[45]
INF1 Uma coisa que, que não que não trace.
[46]
A ráfia, se aí estiver muito tempo, também é capaz de traçar.
[47]
INF3 Ela também traça.
[48]
INF1 Que é Que é duro.
[49]
INF3 Não deixa em condições.
[50]
INF1 E se for um baraço de nylon, ainda pior.
[51]
INF1 Onde faz a curva [pausa] Onde faz a curva, põe-lhe aquela varazinha,
[52]
ata-lhe ali um baraço de [pausa] pano, de qualquer coisa.
[53]
Se às vezes se encostam ali, [vocalização] que a gaja está ali ao aos delandão, assim aquela curva grande, pode partir.
[54]
INF1 Ou que a gaja queira estalar, já não estala, porque está ali oprimida.
[55]
INF1 Podem às vezes encostarem-se ali e abaixarem-lhe a curva ou assim,
[56]
e dali já não sai.
[57]
[pausa] E na ponta que ficou de fora, põem-lhe outra varazinha – uma cana, ou do que por lá usam, ou uma vara –
[58]
INF1 na ponta que saiu.
[59]
INF1 E pronto.
[60]
E se for o tempo seco…
[61]
INF1 Se for o tempo seco, de vez em quando bota-lhe água onde o onde a mergulhou,
[62]
INF1 debaixo de terra.

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