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Unhais da Serra, excerto 41

LocalidadeUnhais da Serra (Covilhã, Castelo Branco)
AssuntoO lenhador e o forno de carvão
Informante(s) Dimas Diodoro

Text: -


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[1]
INF2 Estava a atear.
[2]
INF1 Tapávamos tudo, tudo bem acalcadinho,
[3]
a gente sempre alerta,
[4]
[pausa] não se abrisse algum buraco.
[5]
ficava tudo tapadinho
[6]
e depois íamos então [pausa] à frente da poça, [pausa] então a fazer um terreirozinho, uma rampazinha, a varrer aquilo, com um sacho, ajeitar, umas o espaço talvez de metro e meio ou dois metros, [pausa] assim à frente da poça.
[7]
INF2 dois metros.
[8]
INF1 Aquilo bem ajeitadinho com um sacho, como que era a fazer um jardim, aquilo bem rapadinho,
[9]
e depois pegávamos numa vassoura,
[10]
varríamos aquele terreirozinho, que era assim um bocadinho encostado.
[11]
Varríamos aquele terreiro bem varridinho, e tal [vocalização], que a gente depois conforme:
[12]
se se atrasasse via o via o tempo a chegar-se para a gente tinha uma hora de caminho e trazer o carvão às costas e assim
[13]
INF1 Ah, vinha.
[14]
Ah, nunca ficava.
[15]
INF1 Não.
[16]
Depois enquanto estava a poça bem abafadinha, a gente fazia o terreiro
[17]
e depois andava ali muito tempo a amorrinhar.
[18]
Varrer o terreiro,
[19]
e depois varrer daqui,
[20]
varrer dalém.
[21]
A gente levava connosco um sacho, um sachozinho, um sacho qualquer, até mesmo velho,
[22]
e depois chegava-se a altura de tirar o carvão.
[23]
Começava então a uma ponta da da poça,
[24]
[vocalização] começava a uma ponta a tirar, assim aqui para a para a berma, para a berma da poça.
[25]
INF1 O carvão vinha assim para aqui,
[26]
a gente, no geral, escolhia sempre um bocadinho elevado, [pausa] assim por aqui um bocadinho inclinado, que era para o carvão arrebolar.
[27]
Mas vinha apagado.
[28]
A gente tirava com os sachos
[29]
e deitava-o para aqui.
[30]
E tinha aqui uma vassoura preparada para o ir assim abanando, assim a empurrá-lo para baixo,
[31]
INF1 assim com jeitinho a empurrar para baixo para o gajo ir para o fundo.
[32]
Às vezes dava-se o caso,
[33]
acendia-se ali uma fogueira,
[34]
o gajo a arder,
[35]
a gente com a vassoura escangalhava-o assim.
[36]
E, às vezes, se havia água perto, a gente pegava numa latinha que a gente levava
[37]
e ia buscar uma latinha de água
[38]
e molhava a vassoura
[39]
e apagava.
[40]
Se não havia, tinha não o deixava acender.
[41]
Ia-o abanando para os lados e para o outro
[42]
e se tirava todo da poça.
[43]
Depois de o tirar todo da poça, a gente andava ali a amorrinhar mais um bocadinho, e tal, tal, tal,
[44]
pegava nos sacos,
[45]
pegava ao fundo daquela barreira que a gente fez,
[46]
abria a boca ao saco
[47]
e começava a ajeitar para dentro.

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