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Unhais da Serra, excerto 42
Text: -
INF1 Uma vez a um colega meu, acendeu-se-lhe o carvão dentro da saca,
INF1 o gajo com as sacas às costas e o carvão a arder por trás.
Ele ia com aquilo às costas, duas sacas,
Foi no sítio onde ia a corda,
caiu-lhe aquilo das costas para baixo.
INF1 E, bem, isto também era com muito sacrifício.
Quando havia [vocalização]…
Bem, uma pessoa sozinha podia ir,
mas, no geral, sempre havia quem fosse.
[pausa] Se não fossem daqui, ia-se sozinhos
e encontrava-se mais no caminho.
Nesse tempo não havia fábrica.
Encontrava-se mais no caminho
INF1 Uns para aqui, outros para além, mas logo perto uns dos outros, e tal,
INF2 Eu ainda vi fazer carvão ao meu pai também.
INF1 Ai, muito sacrifício!
Ajuntava-lhe as torgas, e tudo.
INF3 À minha mãe é que ninguém a apanhava a fazer carvão.
INF1 Muito sacrifício, muito!
INF3 Ah, e depois foram logo para a fábrica.
INF3 A minha mãe não não queria ir para o carvão.
INF1 E a brasa E a brasa, sabem como é?
INF1 Car- Carvão é carvão
[pausa] e a brasa é diferente.
INF1 A brasa é [vocalização] carvão mais miudinho, [pausa] o carvão mais miudinho.
INF3 Que se queimava antigamente nas braseiras.
INF2 Eu até tenho além brasas feitas que me deram.
INF1 Por exemplo, quero ir fazer uma saca ou duas de brasas.
levava uma roçadoira – como o senhor já aí mostrou num papel –,
[pausa] levava uma roçadoira,
levava a corda, dois sacos, um bocadinho de merenda do que havia
e lá ia a gente para o destino.
Chegava então a um giestal – [pausa] giestas, giestas pegadas, pegadinhas, que quase que se lá não passa no meio, e muito altas, quase da altura aqui deste tecto –,
chegava a gente ali [vocalização],
Começava então com a roçadoira – que é esta curva –,
começava ali a roçar giestas para o monte, cortar e deitar para trás, cortar e deitar para trás, [pausa] até me parecer que vir- até me parecer quand- que eu visse as horas de [pausa] para fazer a brasa.
INF1 A, a [vocalização] A brasa é mais depressa que o carvão.
INF1 Fazia ali um monte de giestas cortadas, grossas [vocalização] – grossas aqui quase como o meu pulso –, outras mais miúdas, e tal, tal, tal.
Chegado, tinha Fazia ali um grande monte
e depois chegava-se a altura de lhe deitar o fogo.
Era o mesmo processo do carvão,
INF2 O poço era a mesma coisa.
INF1 Era lenha mais miúda.
fazia ali uma fogueira enorme,
enchia fazia a mesma poça, ou ainda maior, que a brasa fazia-se mais muito.
INF1 Fazia ali uma grande poça
Deitava-lhe a lenha toda que tinha que tinha cortado,
e deitava tudo ali para dentro…
INF3 Olha, está a dar o coiso.
INF1 [vocalização] Depois arranjava uma forcalha.
Era A lenha era a mais comprida, lenha aí com com dois metros, ou um, ou como calhar.
INF1 Deitava tudo para a poça
e depois ficava umas pontas que não ardia, que não calha- não cabia toda na poça.
E depois arranjava uma forcalha,
nas pontas que ficavam fora, virava-as para dentro,
Isso a brasa era muito mais depressa.
INF1 Era quase em metade do tempo.
Depois de tudo ardido, era igual, a tapar, a tapar, a tapar.
Mas a [vocalização] giesta ardia mais depressa.
ficava só um bocadinho, e tal.
Se houvesse algum bocadinho de mais grosso, e tal, para não estar a entreter, deitava-a fora,
fazia o mesmo terreirozinho já varrido, [pausa] com um sacho, inclinado.
INF1 Tirava a brasa exactamente como o carvão, com um sacho;
corria-a com a vassoura ali por por o terreiro abaixo;
e vendo que que tal, metia-lhe o saco ao fundo,
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