Representação em frases
Unhais da Serra, excerto 45
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INF2 E o meu pai já comeu já comeu [vocalização] a carne da cobra.
INF1 Para nada.[vocalização] Para
INF2 Diz que é boa a carne da cobra!
INF3 Tiram-lhe uma parte uma parte do, do entra- a seguir ao pescoço [pausa] e a parte do rabo
e comem só a parte do meio.
INF1 Eu ia buscar um molho de mato para o forno…
INF3 Não, mesmo até, lá de baixo, estiveram algarvios ao pé de mim – não é? –, em Santa Margarida,
INF1 Eu ia buscar um molho de mato para o forno…
INF3 Havia Havia indivíduos que as comiam.
tiravam-lhe as as partes da frente
e comiam as partes de trás.
INF2 Deixa lá agora Deixa lá agora contar ao pai.
INF1 Fui buscar um molho de mato para o forno para trazer às costas.
[pausa] E já eram aí umas onze…
Já eram aí umas onze horas
[pausa] E fui além para aquele lado.
[pausa] Talvez daqui para lá, aí meia hora de caminho.
[pausa] E naquele sítio, foi onde o Dordio tinha as cabras, aí por cima um bocadinho.
INF1 E digo eu assim cá para comigo:
"Bem, aqui há muita cobra
Muito grandes, com aquelas patas grandes!…
Naquele sítio havia muita bicharada e muita cobra, [pausa] que vinha lá do pinhal de cima.
E eu ia no caminho, um caminho ainda largo.
"Bem, aqui já está calor".
Porque aquilo, aquela bicharada com o calor saem.
[pausa] Aquela bicharada com o calor é que saem mais.
"Homem, aqui há muita bicharada,
há muito sardão [pausa] e cobras"…
[pausa] E eu levava a roçadoira como o senhor aí tem, ao ombro, atada à corda.
[pausa] Levava aqui ao ombro
e apanhei uma pedra, mais ou menos da grossura deste copo.
"Deixa-me cá apanhar uma pedra.
Se vir alguma coisa, sempre lhe avento".
[pausa] Eu sou muito foito,
mas ali apanhei um bocadinho susto.
Eu a acabar de dizer aquilo
e eu ia a passar à frente duma parede com dois metros de alto, ou metro e meio.
Havia uma paredezita num pinhal onde faziam esses tais alqueves.
[pausa] E havia uma parede [pausa] ao lado do caminho, que essa parede fizeram-na para o para fazer o caminho, que ia o caminho para a para as centrais, que era o caminho velho antigo.
[pausa] "Aqui há muita bicharada,
deixa-me cá apanhar esta pedra;
se aparecer alguma coisa [pausa] hei-de-lhe aventar com ela".
Eu a acabar de dizer aquilo, uma cobra.
Aquilo lá vinha picada com outro bicho…
[pausa] Que as gajas quando estão enervadas fazem uma rodilha, enroladas.
Aquilo lá vinha [vocalização] picada com outro bicho de andarem à bulha…
Eu a acabar de dizer aquilo,
e aquela grande cobra ia-se-me enfiando na cabeça.
[pausa] Por pouco é que não se me enfiou aqui na cabeça.
INF1 Caiu da parede para baixo, no chão.
E onde ela caiu era um bocadinho do caminho largo e assente, assim um bocadinho direito, um bocado de areia, e tal.
Eu sou um bocadinho foito
Arrecuei um bocadinho atrás.
Mas ao mesmo tempo que eu arrecuei um bocadinho, e a gaja ficou assim à minha frente enrodilhada
e começou-se a desenrodilhar para ir para a parte de baixo do caminho, para o meio das pedras.
Quando a gaja se começou a desenrodilhar, eu assim à toa, com a pedra que levava na mão – assim à toa! – aventei-lhe com ela.
Então eu não lhe calhei a dar atrás da cabeça, aí dois palmos?!
Parti-lhe logo a espinha.
INF1 Calhei-lhe logo a dar atrás da cabeça aí dois palmos.
Ah, mas aquilo era um balúrdio!
[pausa] Quando lhe dei com a pedra, aquilo parti-lhe a espinha,
Tombo daqui, tombo dalém, tombo daqui, tombo dalém,
E a gaja a acenar para mim:
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