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Vila Pouca do Campo, excerto 3
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INF Depois então, quer dizer, [vocalização] sachava-se,
andava-se com pessoal a sachar,
pessoal levava-se pessoal…
A minha mãe que Deus tem falava a pessoal a ganhar o dia.
INF No outro tempo era, era m- era tudo muito pobrezinho.
Sabem o que levavam para os almoços?
INF Era cabeça de alho e cebola.
INF Para comerem ao pequeno-almoço!
INF Ou com pão ou com um bocadinho de broa [vocalização].
Quem era pobrezinho, que não tinha…
A minha mãe já tinha os seus bocadinhos,
já tinha a sua broazinha,
cozia muitas vezes a broa.
Levava [vocalização] broas inteiras, panelinhas de azeitona para elas comerem.
E muita vez, ela dizia assim: "Olha, deixa-me ter o dinheiro trocado para"…
Porque ao meio-dia vinha-se a casa comer,
porque elas tinham os filhos
e vinham [vocalização] a casa dar comer aos filhos,
e a minha mãe dizia assim: "Ah, deixo assim…
Deixa-me trocar o dinheiro para elas levarem para irem comprar a broa e alguma coisinha para dar aos filhos".
E no arroz também era a mesma coisa.
INF E merendava-se também.
[vocalização] Um lanchezinho ao meio da coisa
e vinha-se à noite só, às trindades.
INF A gente chamava as trindades.
INF Quando batia [vocalização] o sino…
Aqui na nossa terra em Taveiro ainda dá.
INF E batia-se as trindades
é que se despegava para se vir para casa.
INF Mas era um tempo lindo!
Olhe, juntava-se o os ranchos,
[vocalização] Ali andava um rancho a cantar,
INF Já não andam assim pelo [pausa] pelo campo.
INF Embora cantem, não andam…
Andávamos a mondar – eu não sei se conhecem? –, [vocalização] a mondar.
INF Era com umas meias a…
As meias assim, cortadas por aqui, até aqui assim,
e a gente fazia assim uns calções…
[pausa] A senhora doutora não sabe,
INF Oh, fazíamos assim uns cal- uns calções.
INF As meias eram com os pés cortados
Vestíamos Despíamos a nossa roupa
e vestíamos uma roupa velha para andar na monda.
E depois com umas meias atávamos aqui com uns cordéis,
INF aqui com uns alfinetes assim,
e botávamos uns aventais,
INF Porque as bichas – as samessugas, chamava a gente –, mordiam.
INF Era quando era no arroz.
INF Andá- Ai, então, até por aqui!
INF Faziam sangue à gente e aos animais que andavam na água.
E a gente tinha que ter assim essas meias cortadas com os pés até aqui acima a agarrar tudo, uma coisa à outra, por causa de elas não morderem a morderem na gente.
Que a gente ia muitas vezes!
INF [vocalização] Sã- São João…
INF [vocalização] Mais assim por aí mais adiante.
sa- Santiago já era tarde,
mas até se mondava em Santiago.
INF Arrancava-se então a…
Olhe, semeávamos o viveiro – era um viveiro assim basto –,
INF Depois arrancava-se à [vocalização] às manzadinhas,
atava-se com bunho, assim com bunho,
depois era acartado com uma zorra,
INF Acartava-se com a zorra e com as vacas.
E aquilo tudo cheio de lama!
INF Ela Era, a zorra era um, um, uma uma tábua assim larga
e e era então tudo com o cadeado [vocalização] e c- e com tudo na mesma, como se trabalhava quando tinha…
INF E era arrastado pelo chão.
INF Para levar a zorra com o arroz onde a gente queria.
INF Depois era, era era plantado,
andava-se com o rancho das mulheres a plantar o arroz.
Porque dantes não era as químicas,
INF Depois então mondava-se,
tirava-se aquela milhã – que a gente lhe chama a milhã do coiso.
No outro tempo que depois…
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