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Vila Pouca do Campo, excerto 7
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INF1 Então ele e do linho era:
lavravam a terra [pausa] com uma charrua.
E depois davam-lhe uma corrida com grade.
À primeira corrida [vocalização], davam a corrida toda depois de semearem o linho;
depois davam outra vez outra corrida para cobrir o linho.
Quanto mais vezes tinha fosse semeado, melhor era.
Se estivessem a ver-se os erva [pausa] daninha que fosse mu-, que fosse
INF1 que fosse má, tinham tinha de o mondar.
E se vie- viesse limpo, deixavam-no ficar.
Quando ele estivesse vingado, já assim a ficar amarelo, arrancava-se todo, tudo arrancadinho,
levava-se para a eira [pausa] aos molhos
[pausa] e e depois havia um homem na Arzila que tinha um um [vocalização] …
INF2 Era uma família que tinha…
INF1 Tinha tinha um um aparelho que eu não sei como aquilo se chamava, que tinha – parecia umas entrosas entradas que passava o linho,
INF1 E E o próprio coiso é que puxava o linho.
maçava-se até que ficasse sem a [pausa] com a pele da, do, do do pé do linho todo separado.
INF1 Depois Depois aí eram as mulheres que tinham um corr- um cortiço que de de cortiça.
Qua- Quase do taman- Do tamanho desta mesa, mesmo alto,
e tinham uma, uma uma coisa de pau,
parecia uma c-, uma uma catana, ou como é que se chamam aquilo,
e maçavam, maçavam, maçavam, maçavam, até que saísse saía-se aquela pragana de dentro da da pele do linho.
INF1 Depois havia umas mulheres – que aí havia aí também – com um bocadinho que estava assim, cheio de pregos pequeninos,
e naquele era escarnaçado,
e ele puxavam, até que saísse o resto da até que saísse o resto da, da daquela pragana.
[pausa] Depois [pausa] botava-se…
enfiavam-no com uma roca –
INF2 Não punham aí por um riba, ou coisa assim?
depois davam-lhe uma barrela, depois de aquilo estar já feito em meadas.
Sabem o que é uma barrela?
[vocalização] lavava-se aquilo tudo muito bem lavadinho, com com água e sabão, pronto.
Havia aí gente que tinha uns poceiros – que se chamam o pessoal da barreleira –,
botavam a lavar no no poceiro, acamadinho.
Quanto mais acamado, melhor.
Depois no fim disso botavam-lhe [pausa] alecrim e folha da de laranjeira por cima da da roupa.
Botavam num paninho, um pano que se fosse assim meio vedado
e depois botavam borralha.
INF2 Era a cinza das das cavacas.
E peneiravam aquilo tudo em acção de ficar só o pó.
Punham-lhe um bocadinho de de carvão só para…
A ge-, a gen- Agora a gente diz que é uma carvão,
mas naquela altura dizíamos que era uma brasa.
[pausa] Estava aquilo tudo
e depois tinha uma um panelão grande ao lume, em cima das trempes, [pausa] a ferver.
Iam tirar baldes de água desse panelão a ferver
e passavam por cima da roupa toda, [vocalização] das meadas.
INF2 Do linho, das meadas.
INF1 Quer fosse meada, quer fosse roupa, era na mesma.
Por cima daquilo tudo, para molhar aquela aquela [vocalização] cinza.
Quando ela começasse a correr pelas meadas abaixo, saía fria.
Fria, no fundo do poceiro.
Quando ela saísse já quente, em acção [pausa] que viesse quase da, da da temperatura da panela estava a [pausa] a barrela feita.
INF2 Estava a barrela feita.
Depois iam então para o rio. [pausa]
Lavavam, lavavam, lavavam,
botávamos-lhe botávamos-lhe sabão
Quando elas Quando as mulheres já viam que aquilo estava em condições, apanhavam e lavavam-na
e depois botavam-na a enxugar.
Que aquelas meadas, se se enxugarem na areia, depois de estar enxuta, ficava a parecer linha, grossa.
Mandavam para, para a para as tecedeiras para fazer mantas.
Mas naquela altura dizíamos mantas.
INF1 Para fazer lençóis de linho. [pausa]
E E antigamente, nessa altura, também então até
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